Friday, September 29, 2006

Uma breve análise sobre dois gestos do quotidiano

Há apertos de mão firmes, tão firmes que chegam a ser violentos e assustadores. Há apertos de mão seguros e verdadeiros, genuínos, mão na mão; verdadeiros apertos de mão. Há apertos de mão simples, nem muito curtos nem muito longos, apertos de mão que dispensam maiores cortesias, cordiais, diários. E há apertos de mão tristes, tristíssimos, desolados, desconsolados, indiferentes, que não são um aperto de mão, mas um levíssimo fugidio encosto de mão, quase infeccioso, um condenado esforço para conter a sensação de nojo, uma mão fria, sempre morta que estende e se encosta à nossa. Na verdade, um nojo de aperto de mão. Há ainda os apertos de mão para evitar os beijos. A mão meticulosa, estudada, antecipadamente estendida, distante; uma mão rápida e decidida.

E há os beijos. Há os beijos sem grande personalidade. São os primeiros beijos, indecisos, rápidos, tímidos, inseguros, quase arrependidos; uns lábios que se confundem com a mão. Há os beijos domésticos, rotineiros mas ternurentos das tias, de algumas amigas, de algumas mães, de alguma pessoas. Há os beijos carinhosos às grandes amigas, quase íntimos, confidentes, infantis e desavergonhados. Há os beijos aos restantes amigos. Estes beijos são muito variáveis naturalmente. Podem ir de um simples e honesto beijo, passando pelos beijos mais rápidos ou mais longos, mais sonoros ou não, mais carinhosos, menos carinhosos, obrigatórios mas indesejáveis, beijos com abraços, um beijo, dois beijos, três beijos, ou simplesmente um beijo que perigosa e disfarçadamente desejamos e tentamos mais perto dos lábios. Lembro-me de ter lido algures um texto que dizia qualquer coisa parecida com o seguinte: Não tente primeiro conhecer uma pessoa para depois a beijar, beije-a primeiro para decidir se a quer conhecer. Pode ser um belo argumento, não é? Já agora, beijo é substantivo abstracto ou concreto?

Thursday, September 28, 2006

Será excessivo?

Ao telefone dizia-me:

- É tão bom sentir saudades, que até sinto saudades das saudades que sentia...

especialmente dedicado ao autor do Blogue:





(TR)

(para aliviar o meu mau feitio!:-))

Memória

"Escrever. Porque escrevo?
Escrevo para criar um espaço habitável da minha necessidade, do que me oprime, do que é difícil e excessivo.
Escrevo porque o encantamento e a maravilha são verdade e a sua dedução é mais forte do que eu.
Escrevo porque o erro, a degradação e a injustiça não devem ter razão.
Escrevo para tornar possível a realidade, os lugares, tempos, pessoas que esperam que a minha escrita os desperte do seu modo confuso de sempre. E para evocar e fixar o percurso que realizar, as terras, gentes e tudo o que vivi e que só na escrita eu posso reconhecer por nela recuperarem a sua essencialidade, a sua verdade emotiva, que é a primeira e última que nos liga ao Mundo.
Escrevo para tornar visível o mistério das coisas.
Escrevo para ser. Escrevo sem razão."

Vergílio Ferreira em Pensar


Wednesday, September 27, 2006

A trajectória do medo: a paranóia

Tuesday, September 26, 2006

Degrau a degrau

com peças cuidadosamente talhadas para não encaixar... Ainda bem!

(TR)

Conversa do lado

- ...
- O pai do Monteiro - lembras-te? - morreu...
- Ah....
- (silêncio) Apetece-me oferecer-lhe qualquer coisa, coitado...
- Hum, flores...??
- Flores não. Tem de ser qualquer coisa que não morra.
- ...

So play it for me...

...

Been lying awake all night trying to figure out
It's that old song - keeps running around in my head

You're wasting your time coming 'round here

But what's good for me is not necessarily for the best
So play it for me

Sometimes it works, sometimes it don't, you know
Some days it hurts, some days it feels real good
Sometimes it hurts, sometimes it don't, you know
Some days it works so good I can see my way home
...

Stuart with Lhasa de Sela (Tindersticks)

Acabo de ouvir

... na TSF, no próximo Sábado o Jornal Expresso oferece o livro dos livros, a Bíblia, comentada.

Nota à margem do debate

A Fátima Campos Ferreira está verdadeiramente mal vestida pela sua homónima Fátima Lopes.

Monday, September 25, 2006

Quem sou eu para dar conselhos, mas....

Um PDA vai dar muuuuuito jeito!

O desapontado que nos desaponta

Durão Barroso está desapontado pela falta de apoio dos políticos europeus ao Papa Bento XVI depois do seu discurso polémico, refere o jornal o Público que cita o Die Welt. E nós estamos desapontados com ele. O que é que ele, enquanto Presidente da Comissão Europeia e político, fez até ao momento para unir os políticos europeus nesta causa que julga comum?

Sunday, September 24, 2006

The end of an affair

(TR)


A mão posta sobre a mesa,

A mão abstrata, esquecida,
Imagem da minha vida...
A mão que pus sobre a mesa
Para mim mesmo é surpresa.
Porque a mão é o que temos
Ou define quem não somos.
Com ela aquilo que fazemos
[...]


Fernando Pessoa

"São claras as crianças como candeias sem vento, seu coração quebra o mundo cegamente."*

Hoje, enquanto esperava pelo meu marido com as minhas filhas, um tóxico-dependente arrumador de carros contou-me a história da vida dele em poucos minutos. Efectivamente, poucos minutos bastaram para uma história com tantos capítulos que se repetem. Parte dela, estava escrita no corpo: o tom de pele avermelhado, os olhos semicerrados, as cicatrizes, a unhas, os lábios terrivelmente secos, ... Em poucos minutos, 90% das pessoas que passaram por nós cumprimentaram-no com um aperto de mão e a maior parte delas deu-lhe uma moeda, o que me aliviou alguma tensão, confesso. Era conhecido. Nasceu e viveu sempre naquela cidade, contou-me. "As pessoas ajudam-me...Têm pena de mim.... Conhecem-me de puto", dizia com um semblante que oscilava entre o envergonhado e o orgulhoso. Eu, sempre algo desconfiada, respondia: "Vejo que sim!". Sem tirar os olhos da minhas filhas, disse-me que tinha uma Rita de 5 anos, que vive com uma tia. Já não a via há 3 meses, apesar de viverem muito perto um do outro. "A última vez que a vi, levei-lhe 20€... (longo silêncio de olhar no chão). É que só tenho coragem pra lá ir quando tenho algum dinheiro para deixar pra ela...., mas não tenho conseguido...". Quando olhou para mim sorriu, tinha os lábios trémulos, e caíram-lhe lágrimas dos olhos.... Confesso que fiquei perturbada com aquilo. Apeteceu-me dizer-lhe qualquer coisa, mas não fui capaz. Percebi que ele também não conseguia dizer mais nada. Peguei na mão das minhas filhas, disse-lhe adeus e vim embora. Não lhe dei dinheiro. Não me passou pela cabeça dar-lhe dinheiro naquele momento. Ele também não mo pediu. Estava perturbada. Entramos no carro e ele veio dizer adeus às minhas filhas. Elas responderam euforicamente. Olhei-o de relançe. Ele mantinha os olhos rasos de água...

*Excerto de um poema de Herberto Helder



Setembro em "F" sem Fim

Fim de semana, Festa de anos do Francisco, Fim de semana, Festa de anos da Catarina, Fim de semana, Festa de anos da Mafalda, Fim de semana, anos da Sofia brevemente. Não aguento mais...

Friday, September 22, 2006

Com que então, .... a TV Cabo...

Este é um excerto de um artigo de opinião do Jornal de Negócios online. O autor deste artigo é o Dr. Eduardo Cintra Torres, conhecido como crítico de televisão. Neste artigo, defende uma televisão por cada elemento da família para que cada um possa ver o canal da TV Cabo que lhe apeteça. "A percentagem de lares com mais de um televisor é impressionante, o que revela como a televisão se tornou parte da nossa paisagem íntima.", diz . Mais, acha perfeitamente normal que se mostre um anúncio de uma casa com um LCD em cada compartimento. Uma imagem verdadeiramente representativa do nosso pequeno Portugal... Vale a pena ler! Leiam, por favor! Contado não tem tanta graça.

Wednesday, September 20, 2006

pequenos gestos

(TR)

A verdadeira dúvida

Suponhamos então, que temos um outdoor publicitário do outro lado da rua em frente a nossa casa e que nesse outdoor uma perspicaz empresa de publicidade de uma qualquer instituição se lembrou de, para além da imagem, pôr som. Um som que se ouve em casa vindo do outro lado da rua. Uma frase publicitária que se solta do outdoor de 10 em 10 minutos, das 09h da manhã às 22h da noite.

Ocorre-me apenas que a empresa publicitária terá de pedir licença à Câmara Municipal para alterar as regras do sistema da publicidade na rua e que nã pode tomar esta iniciativa livremente. Mas confesso que nem isto eu sei se é necessário. Imagino que a ideia já deve ter passado pela cabeça de muitos publicitários, parece-me até normal. Mas a autorização para a sua concretização só pode surgir de pessoas profundamente estúpidas.


A minha preocupação é pensar que a partir de agora todas as empresas de publicidade se lembram de pôr os outdoors a falar. Se uma conseguiu, as demais também o poderão fazer...

A minha questão é, mais ou menos, esta: o que é que se deve fazer para obrigar a empresa publicitária a retirar o som do outdoor?

PS: Uso o verbo supor, porque até custa a acreditar que seja verdade...

Dúvida sobre a poluição

Será que eu posso pôr o meu carro à venda e pedir a uma agência de publicidade que ande pelas ruas da cidade com ele, equipado com um megafone no topo a publicitar diariamente, alto e bom som, o meu carro?

E se for, por exemplo, um banco? Será que um banco pode andar pelas ruas a propagar as suas campanhas publicitárias com um megafone das 09h da manhã às 22h da noite?

Tuesday, September 19, 2006

obstinada espera

(TR)

Monday, September 18, 2006

...o drama, a tragédia, o horror, a vergonha...

Túnel do Rossio
PS. Lembrei-me deste assunto, por causa de dois bons artigos do jornal "Público" (local) de ontem, Domingo, com os títulos: "Túnel do Rossio foi feito no prazo recorde de um ano e dez meses" de Carlos Cipriano, e "Que fazer com o túnel da Estação do Rossio?" de José Tudella

Sunday, September 17, 2006

uma viagem por fazer

(TR)

Estação

Esperar ou vir esperar querer ou vir querer-te
vou perdendo a noção desta subtileza.
Aqui chegado até eu venho ver se me apareço
e o fato com que virei preocupa-me, pois chove miudinho

Muita vez vim esperar-te e não houve chegada
de outras, esperei-me e não me apareci
embora bem procurado entre os muitos que passavam.
Se algum de nós vier hoje é já bastante
como comboio e como subtileza
Que dê o nome e espere. Talvez apareça

Mário Cesariny de Vasconcelos

Saturday, September 16, 2006

Coisas que só acontecem aos melhores.

Sobre as palavras do Papa Bento XVI sobre o Islão



O Papa Bento XVI teria de dizer alguma coisa sobre o que se passa entre o mundo ocidental e mundo islâmico. Escreveu e leu apenas mais um dos seus inúmeros, particulares e cobiçados textos. Analisou, de forma fundamentada o que está escrito no Corão e disse, no fundo, aquilo que nós, ocidentais, pensamos sobre a Jihad. Acredito sinceramente que Ratzinger se sentiu absolutamente desolado quando percebeu que o seu texto provocou a ira no mundo islâmico. Não acredito que ele pensasse que o Islão fosse tolerante perante as suas palavras, mas acredito que a força da sua determinação o impediu de prever uma reacção tão violenta. A determinação é capaz de ser a sua característica mais forte e é não raro acontecer que pessoas muito determinadas vejam o seu propósito falhado por subestimarem o óbvio.

PS. Penso que a Igreja Católica não ganha absolutamente nada com o conservadorismo deste Papa, que ao contrário do que se diz, não é um seguidor da linha conservadora de João Paulo II, porque era a ele que João Paulo II consultava para tudo, era nele que ele acreditava, foi nele que depositou a sua fé. Ele apenas dá continuidade ao que começou com o anterior Papa, desta feita sim, com inigualável determinação.

Thursday, September 14, 2006

A propósito, um pôr-do-sol de grande nível!

(TR)

Grande Trapalhada

José António Saraiva estava nervosíssimo na "Grande Entrevista" que deu hoje na TV, embora ele tivesse feito questão de dizer que não. A entrevista não lhe correu bem. Foi desinteressantíssima do ponto de vista de criação de expectativas nos potenciais leitores do novo jornal e apenas interessantíssima na forma como foi conduzida pela Judite de Sousa (a quem teimo em chamar Edite de Sousa), como é já habitual. A impressão com que fico é a de que o semanário "Sol" não tem objectivos, apenas desejos. Pareceu-me até que não deseja ser melhor do que o "Expresso", deseja não ser pior do que o "Expresso". Ora, tanto quanto percebi, o director do "Sol" diz que o jornal não é igual ao "Expresso", mas vai começar igualzinho ao "Expresso" para não espantar os leitores logo na primeira edição.... José António Saraiva crescentou ainda que seria um erro fazer um jornal igual ao "Expresso".... Perceberam? Ora, eu que até desejo o maior sucesso ao para o novo semanário que vai nascer, temo que o jornal venha a ser «"Sol" de pouca dura».

Tuesday, September 12, 2006

Afinal...

para que serve a ONU?

Monday, September 11, 2006

investimento seguro (2)!

(TR)

Afinal...

o que é a política?

investimento seguro!

(TR)

Excelêcia





(TR)

Sunday, September 10, 2006

Será Bush um idiota?

mais modernidade/ menos utilidade

Já repararam que as novas ou renovadas placas indicativas nas estradas não indicam os quilómetros a percorrer até ao local ou ponto de interesse indicado?

E você, compreende melhor agora o jogo?

Geralmente não acompanho as questões de futebol, nem me interessam. Mas ultimamente leio algumas notícias sobre o assunto especialmente no jornal "Público" e oiço por vezes o noticiário na "TSF". Nestes últimos tempos, como se sabe, as notícias, os relatos de conversas e das escutas telefónicas são tão hilariantes que qualquer pessoa mais distraída pode ficar confusa ao ponto de julgar que está a ler, não a edição normal do jornal, mas o "Inimigo Público" ou a ouvir uma rábula do "Gato Fedorento" e não o noticiário da rádio ou TV. Mas isto, não acrescenta qualquer novidade ao assunto, nem a ninguém. A questão relevante e que merece partilha é que dei por mim, pela primeira vez a compreender e no limite, a defender os comportamentos agressivos dos jogadores aos árbitros dentro do campo durante os jogos...

E você, acredita?

Ouvi num telejornal há minutos atrás que foi criada uma linha de apoio destinada aos professores agredidos. Confesso que gostava de saber de onde ou de quem saiu esta ideia inacreditável...

CONTINUAÇÃO ou o fim da "word verification"

(TR)