Tuesday, October 31, 2006

Dois actos: a norma e a Norma

A abominável mudança de hora faz com que às 17,30h já seja de noite. Uma aberração. Tudo por causa de uma norma comunitária. Mas alguém aceita esta norma absurda? Assim de repente, da confusão desta ira, desta trágica consequência em que tudo e eu com tudo escurecemos mais cedo, ocorre-me uma espécie de luz. Por causa da homonímia, lembrei-me da Norma. Uma outra Norma, com maiúscula. E esta, embora dramática, nada absurda. Uma Norma de excelência, e intemporal. Devo-a essencialmente ao Vicenzo Bellini e especialmente a Callas. Afinal, apesar da tragédia, o dia sempre pode acabar com uma noite mais feliz.


Monday, October 30, 2006

(TR)

Sunday, October 29, 2006

"História dos dois que sonharam"*

Ouvi hoje os últimos minutos de uma entrevista à vereadora da Câmara Municipal de Lisboa, Maria José Nogueira Pinto à “Antena 1” sobre a sua Proposta de Revitalização para a Baixa Lisboeta. Depois da entrevista fiquei a pensar que Maria José Nogueira Pinto a par das sua pretensões políticas e independentemente da exequibilidade ou não desta sua proposta, gosta genuinamente de Lisboa. E eu acredito que tem, acima do seu cargo político, uma vontade sincera de ajudar a melhorar a qualidade da cidade. Não pensei assim durante a campanha eleitoral embora sempre lhe tenha reconhecido mérito e empenho. Metáforas como “arrumar a casa” ou “pegar na esfregona” foram, ao contrário do que MJNP pensa e por mais argumentos que use para tonificar as metáforas, motivos desencorajadores do voto feminino na sua causa. Hoje, não estou de acordo com aquilo que conheço da sua proposta de Revitalização da Baixa de Lisboa. Mas não lhe reconhecer mérito, empenho, muito trabalho e amor à cidade, seria uma ofensa. Quanto mais sei do trabalho dela, embora discorde dela, mais gosto dela. E por fim pensei, o que será feito do Presidente da Câmara de Lisboa?


* sei que este título existe, não é meu, talvez seja de um conto. Creio lembrar-me vagamente da história... Não sei...

Descobri este concurso que a muito custo talvez lá ponha o cabelo do Paulo Bento em pé

Saturday, October 28, 2006

Urbanos

Imagens de um Sábado à tarde e 150 anos da CP.


(TR)

Friday, October 27, 2006

O corte, a cultura e as cidades

Corte na cultura? Não. Trata-se de uma oportunidade de ouro perdida que muito pouco tem a ver com a cultura.

Mas, se o argumento da Senhora Ministra é "o facto de aqueles projectos não terem contribuído para a formação e fidelização de público", então vai ter de preparar muitos anúncios de cortes similares.

Que fazer quando não há tempo para actualizar o blogue?

Wednesday, October 25, 2006

25% ...

(TR)

Advertência

A minha tia, há momentos, irritadíssima ao telefone:

- Tens ido ao cinema?
- Não.
- Pensas ir?
- Sim...
- Não vás ver "Marie Antoinette" da Sofia Coppola. É completamente vazio! Uma fraude! Inacreditavelmente mau!
- Penso que o Vasco Pulido Valente também disse mal....
- Óptimo. Não vás.
- Ok.
- ...


Tuesday, October 24, 2006

Contas de cabeça

«Os porta-vozes do PS e do CDS-PP alegaram hoje que a nova lei relativa ao financiamento das campanhas eleitorais era muito recente à data das últimas legislativas, pelo que foi de "difícil aplicação".» e mais à frente «No seu entender, "é perfeitamente normal que as pessoas que estejam à frente dessas estruturas locais do partido, como também a nível central, às vezes, não tenham a noção de como se devem aplicar as regras".»


No entender do senhor Martim Borges de Freitas, entendem?

- Mas, "difícil aplicação" da lei? Como assim? - Perguntamos nós.

- São muitas contas e o pessoal das estruturas locais ou é de letras ou tem dificuldades em perceber os números - Explica, por outras palavras, o Sr. Martim Borges de Freitas, usando eufemismo atrás de eufemismo.

- Ahhhhh....- Imagino eu que imagine o Sr. Borges de Freitas que seja a nossa reacção....

Se não leram o artigo, leiam.


Imagino ainda que o Dr. Louçã nem consiga dormir a fazer as contas...

Boa fé

Monday, October 23, 2006

Coisas da actualidade e do génio

(TR)


No mar tanta tormenta e tanto dano,
Tantas vezes a morte apercebida;
Na terra tanta guerra, tanto engano,
Tanta necessidade aborrecida!
Onde pode acolher-se um fraco humano,
Onde terá segura a curta vida,
Que não se arme e indigne o Céu sereno
Contra um bicho da terra tão pequeno?

Lusíadas, I, 106 (excerto)

Friday, October 20, 2006

A nova lâmpada

Afinal o Senhor Ministro da Economia arranjou-nos um desconto de 50%. Tão querido!

Porque é que os prédios da EPUL têm ar de prédios da EPUL?

ou então,

Porque é que os prédios dos bairros sociais têm sempre ar de prédios de bairros sociais?

E não. Não me refiro ao facto de os materiais de construção serem mais baratos ou menos bons, porque não sei são e isso não interessa. Refiro-me essencialmente à arquitectura e em tudo aquilo em que ela é responsável. Observem este exemplo que até tem dado muito que falar.

Thursday, October 19, 2006

As SCUT

As SCUT, as SCUT...., as SCUT ...., as SCUT... Não. Vão ser introduzidas portagens em todas aquelas onde se justifique.

Foi mais ou menos assim que o Ministro das Finanças, entrevistado hoje pela Judite de Sousa, respondeu à questão sobre se o governo vai ou não introduzir portagens naquelas SCUT. Eu simpatizo com a imagem deste Ministro. Custou-lhe imenso responder a esta questão. É evidente que o governo vai introduzir portagens nas SCUT. Não de uma só vez em todas, mas aos poucos um dia irão todas as SCUT ter portagens. Não é um assunto fácil de tratar para uma pessoa que goste de coerência, como penso ser o caso deste Ministro, mas vai ter de entrar no jogo e aprender.


(mais e melhor informação, aqui.)

O último grito

Acabo de ouvir Francisco Louçã na TSF a apelar a todos os cristãos para votarem a favor da Despenalização da Interrupção Voluntária da Gravidez no referendo. O seu argumento é de que o seu voto é indispensável e decisivo para evitar que milhares de mulheres sejam perseguidas e presas. Este seu apelo é uma espécie de "último grito". Não gosto do Francisco Louçã nem do BE, mas para este assunto, isto não interessa absolutamente nada. Louçã toca no ponto certo e fá-lo bem. Interessa que as pessoas - todas - percebam o que está em causa.

Wednesday, October 18, 2006

A percentagem do insulto (do dia) e a sua mais recente face

Tuesday, October 17, 2006

E agora?

Leio no Blogue do Funes que o Presidente dos EUA, George W. Bush aprovou hoje uma lei que permite a tortura a prisioneiros quando envolvidos com o terrorismo. Enquanto lia sobre isto, lembrei-me que há dias o mesmo Presidente dos EUA autorizou ou anunciou ou anunciou que autorizava a construção de um muro para travar a entrada de gente indesejável vinda pela fronteira do México para o seu país. Um MURO! A temática dos Muros merecia ser analisada. Mas adiante. Há pouco tempo ainda, o mesmo presidente, porque acordou mal disposto, arrasou um país inteiro, o Iraque. Uns dizem que se enganou; outros dizem que tem qualquer coisa na manga; outros que ficou foi com um problema preso na manga para muito tempo. Segundo os americanos, só eles sabiam quanto o povo do Iraque desejava que eles os livrassem do malvado Sadam. Mas recuo de novo e volto à notícia da lei hoje aprovada pelo Presidente dos EUA e penso: - E agora, o que dirá Pacheco Pereira disto? Como é que, por este andar, Pacheco Pereira se livra deste anormal?

Diário de dois loucos sentados à volta de um Marquês de Borba


- Proponho Marquês de Salamanca... - atiro.
Diz-me que não, que não gosta de títulos. Mas, agradece e explica que apesar de tudo “Marquês” denota nobreza. – “Conde” seria pior .
(...)
- Alentejo? O meu Alentejo? Não. Prefiro Lisboa ou Madrid porque acima de tudo são mulheres... - esclarece.

Sugere outro epíteto.
(...)
No meio da confusão insinua que tenho algum afecto pela British Petroleum e que acabo de provocar um incêndio. Pasmo. Eu, pirómana? E rio, rio muito, muito mesmo! Não lho disse, não era importante, mas metaforicamente tenho realmente algum afecto pela British Petroleum.

Acaba a falar de Salazar e António Ferro em termos - rigorosamente históricos - ressalva. Parece-me que não os ama, nem os odeia. Compara épocas, enumera factos, analisa, critica, insulta, aponta ideias, aponta ideais e fala do milagre das rosas... Escarnece do entretém actual de busca da ilustre figura de Portugal. Sinto no sorriso um lamento que se torna evidente na sua análise: muito poucos saberão o lugar de destaque que o primeirio ocupa na história do país, e o lugar que ocuparia certamente o segundo se não tivesse morrido tão novo.

Prometo. Da próxima vez, não será alentejano!
(Dedicado ao Bernardino Pacheco em prosa porque não sei fazer poemas)

Monday, October 16, 2006

Há coisas que nem mil imagens conseguem explicar!

Aquela "Rivolução" no Porto seria de entendimento fácil se fosse contra o La Féria. Mas lendo os jornais ou vendo, e melhor ainda ouvindo em directo nas nossas distintas televisões os motivos dos ocupantes do teatro, que de lá não arredam pé há mais de 18 horas, fica-se com a certeza de uma coisa: ninguém sabe ao certo o que é que está a acontecer.

25% dos ossos do corpo

(TR)

Sunday, October 15, 2006

Yunus, O Grande


(A propósito desta questão levantada por RPS)

Como o próprio nome indica microcrédito é um crédito de pequenos valores. A grande diferença do crédito dito "normal" é que não exige absolutamente nada em troca (bens, salário fixo, nada!), a não ser a "palavra de honra" de quem o procura. Isto por si só, é notável. Curiosamente, os índices de “crédito mal parado” no microcrédito sempre foram e são baixíssimos! Para além disto, com o seu desenvolvimento em diversos países, o microcrédito criou mais do que um simples crédito, criou e desenvolveu uma rede de serviços sociais, nomeadamente de saúde e educação aos quais pessoas muito pobres jamais teriam acesso de outra forma.


Yunus, o prémio Nobel da Paz é o homem que concebeu o microcrédito para aplicar no seu país, o Bangladesh. Conhecendo muito bem os meios onde se iria movimentar - o finaceiro e a pobreza - Yunus aplicou a sua estratégia de viabilizar financeiramente o combate à exclusão e pobreza e escolheu como público alvo preferencial as mulheres. (Escolheu-as por diversos motivos que paradoxalmente vão desde serem a causa de elevadíssimas taxas de desmprego até conclusões de diversos estudos económicos apontarem as mulheres como excelentes gestoras financeiras).

O Bangladesh tem aproximadamente o dobro do tamanho de Portugal. Desesperadamente, o Bangladesh tem aproximadamente 130 milhões de habitantes. Portugal tem cerca de 10 milhões. Conseguem imaginar? Não é incrível que perante estes dados - apenas estes dados - se tenha desenvolvido um Banco com absoluto sucesso, cujo objectivo tenha sido incentivar as pessoas a ter um negócio próprio para se auto-sustentarem ou ajudarem no sustento da família, permitindo-as sair do limiar da pobreza ou mesmo de índices abaixo do limiar da pobreza? Yunus fez pelo seu povo e por muitos povos pobres do mundo (uma vez que o microcrédito já se encontra em muitos países com igual sucesso) aquilo que governos e entidades poderosas seriam e são incapazes de fazer nos seus países e pelos seus povos.

Este homem ama o seu povo. É absolutamente incrível que tenha acreditado nele e em si ao ponto de avançar e desenvolver com sucesso, num meio tão complexo e adverso aos pobres como o financeiro, uma alternativa honesta e desinteressada para ajudar milhares de pessoas paupérrimas a viver com alguma dignidade.

Independentemente do Prémio, Nobel ou outro, há muito que o projecto de Muhammad Yunus
devia ser contado e reconhecido mundialmente.


Friday, October 13, 2006

Mais um Prémio Nobel

ANÚNCIO de um anúncio


O governo anunciou que a CRISE ACABOU!

Perceberam?




Anedota*








*legenda dedicada ao Funes . :-)

Homenagem ao



(TR)
Detalhe de uma escultura de Botero, Jardim Amália Rodrigues


pequeno, grande, fino, gordo, pesado, delicado, elegante, cansado, sensual, descalço, nu, de lã, de vento, de chumbo, de salsa, de flôr, de dança, de alguém, de meia, de galinha, na argola, direito ...

Thursday, October 12, 2006

Vejam só

Hoje foi atribuído mais um Prémio Nobel

De quê? Já sabemos. Mas isso não interessa nada. A quem? A um escritor turco.

Difícil?

Béla Bartók
the piano player

Saul Steinberg

A receita

Nem uma única referência a qualquer melhoria de condições dos hospitais, de tratamento, de oferta, ou outra. Nada. Tudo se resume a isto: "as taxas de utilização vão quase duplicar a receita obtida pelo ministério a partir dos montantes pagos pelos doentes." Segundo o Ministro Correia de Campos o aumento da receita consegue-se através da diminuição da procura (dos hospitais), percebem?

Afinal tudo parece reduzir-se apenas a um ministério. Não seria coerente fechar os outros?

Wednesday, October 11, 2006

1 ANO!!! ...e continuo a preferir sapatos pretos...

Um ano a puxar pelo meu intelectualismo de sebenta e sempre a aprender convosco!! Obrigada a todos os que comentam e a todos os que apenas espreitam este blogue!

(TR)

Feito com ferramentas
Flickr Toys

Obrigada Holeart! Sem a sua ajuda não me teria apercebido do aniversário do meu blogue!!

vício

Chegar a casa, tirar os sapatos, deambular pela sala para, literalmente, sentir os pés assentes no chão.

Thursday, October 05, 2006

Será genético?

Na minha família sempre se viram touradas. Eu sempre vi touradas. Gosto de ver e talvez por isso nunca me impressionou a crueldade do espectáculo. Há dias, num fim de semana, dei com as minhas filhas sentadas no chão de nariz colado à televisão a ver uma tourada qualquer. Era a primeira vez que viam semelhante espectáculo. Eu sugeri mudar de canal a julgar que gostariam de ver qualquer coisa mais adequada à idade delas. Engano meu. Esta proposta teve como consequência um choro interminável com súplicas para voltar a pôr a tourada. Eu espantada e sem grande alternativa voltei à tourada e sentei-me ao lado para perceber o impacto daquele jogo sobre elas. Adoraram. Nem por um momento aludiram ao sofrimento do touro. Estavam fascinadas com o cavalo e com o cavaleiro. Depois continuaram fascinadas com o toureiro e com aquelas roupas que temiam que se rasgassem. Ficaram doidas com os forcados. Quando acabou a tourada, fartaram-se de lamentar. Queriam mais naquele preciso momento, evidentemente. Depois de convencidas que naquele momento não daria mais, obrigavam-me a confirmar que daria mais no dia seguinte.


Muito bom


Tenho um certo fascínio pelos anúncios publicitários na televisão ou no cinema. Se os regulamentos para a publicidade na televisão fossem cumpridos, os intervalos comerciais seriam suportáveis e o momento poderia ter qualidade. Há anúncios muito bem feitos, autênticas curtíssimas metragens. É o caso do anúncio de televisão do Joe Berardo ao cartão American Express e ao, também seu, Millennium bcp. É claro que apetece tecer uma série de distintas considerações ferozes paralelas ao anúncio propriamente dito. Mas a verdade é que o anúncio é mais forte do que isso. Não consigo não me deixar seduzir pelo anúncio. Acabo sempre rendida. Acho-o perfeito.

(TR)

Desculpe Senhor Presidente, mas o mar ou o rio são muito mais sedutores do que o Palácio de Belém!

Wednesday, October 04, 2006

O lado negativo mais feminino deste blogue

(TR)

eufemismo malandreco!!

Hoje ao telefone:

- Sim? Gostava de falar com o Silvestre, por favor.
- .... o Silvestre já não se encontra entre nós....(silêncio)
- Ahhhh, como?...n-n-não? ...que horror...
- Não! Não me fiz entender. O Silvestre já não se encontra cá na empresa.
- (Ufa!!)
- ...

Tuesday, October 03, 2006

Mas ainda hoje...

para o Tiburcius


Elena Queralt

com os devidos agradecimentos aos senhores do blog A best truth.

E por hoje, é tudo.

her favorite book
Giuseppe Dangelico

Tanta coisa por fazer....


Tenho grande expectativa relativamente a este filme. Pedro Almodôvar está um realizador "adulto". É seguramente um bom filme. Quase me atrevo a aconselhá-lo antes de o ver....vou ter de o ver...

Estamos a perder energia...

Acompanho muito vagamente as inúmeras alterações que o sector energético está a sofrer na Europa. Em Espanha há uma enorme corrida contra o tempo cheia de surpresas. Há gigantes em formação que nos vão absorver a nós. Não é necessário ler muito para o perceber. Não tarda nada. É inevitável. Resta-nos a difícil tarefa de negociar enquanto ainda há espaço para o fazer, em contra-relógio, sem arrogância e com inteligência. Assim desejamos. Não nos resta alternativa.

Monday, October 02, 2006

momento do dia (público vs privado) ou a coragem de acabar bem o dia

(TR)

Ao fim do dia intenso de trabalho de hoje,
durante o curto percurso a pé do Metro até casa, caiam em compasso irregular sobre a minha cabeça uns pingos de chuva pesados e grossos. Uns pingos de chuva que não deixam margem para dúvidas de que o Outono chegou e o Verão acabou. Ainda bem para mim. Antes de entrar no prédio de casa, olhei vagamente as pessoas à minha volta, mas não tenho a menor ideia se vi alguém - na verdade este foi o meu único gesto irreflectido - fechei os olhos, levantei a cara para cima e pus a língua de fora. Satisfiz um desejo há anos insatisfeito: assegurar-me que tal como sabia em criança - apesar do agravamento dos problemas relacionados coma poluição atmosférica - a chuva continua deliciosa.

Depois disto, chegar agora aqui ao blogue e ver os comentários maravilhosos e saudosos, que me deixam igualmente saudosa, é maravihoso!