Obsessões...
(TR)
Em “Escadas e metafísica”, lê-se: “Quando voltei a Lisboa já não queria ir para a pensão. Estava farto de empregados do comércio e funcionários públicos. Apetecia-me ficar só. Comer aqui e ali em pequenas restaurantes e, no quarto, à noite, fumar um cigarro à janela, folhear um tratado de arqueologia. Não sentir ninguém nem falar nem me ver obrigado à condescendência ou à fraternidade. Sou um neurótico, vê-se logo. Um egoísta. Deixem-me. Não vou amar o mundo. (...)”.
Herberto Helder
5 Comments:
vou acabar os meus dias assim.
trincam-me a paciencia os perguntadores.
licores, livros, livrarias e amantes sao assunto meu.
já nao suporto ciumentos e
compiladores de comentarios.
...good god!
Esse sentimente terá sido uma apenas uma fase?!
Porque no fundo acho que todos nos identificamos com a personagem! Todos nós somos uns "neuróticos passivos" e temos comportamentos obssessivos que por vezes se revelam... e vem a vontade de estar só, e resta-nos ficar com as nossas coisas, os nossos pensamentos ou a ausência deles...
Deixem-me. Não vou amar o mundo.
... nós todos, rodeados de nós mesmos, embarramos uns nos outros, cansamo-nos tanto uns aos outros, fartamo-nos tanto de nós mesmos ...
... deixem-me ser!
E então. Assim é que somos. E às vezes precisamos de ar um pontapé nas coisas. Corremos o risco de não as conseguir levantar de novo. Mas é um risco que precisamos de correr. Eu, pelo menos, corro-o, às vezes.
"Apetecia-me ficar só..."
Ser simplesmente.
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