A primeira lei de Newton - caso prático
Comprei um pião de verdade para as minhas filhas e para mim. Preparei o pião debaixo do olhar atento das duas e atirei-o ao chão como soía fazer habilidosamente em criança, talvez com a idade da Sofia (hei-de apurar). O pião, depois do aparente desequilíbrio inicial, rodopiava certinho, a uma velocidade aparentemente constante em torno do seu eixo e sem sair do lugar. Levantei-o do chão, por entre os dedos da mão e deixei-o rolar até à palma da minha mão, onde o pião continuava a rodar furiosamente. As minhas filhas estavam de olhos esbugalhados, atónitas, incrédulas e mudas, durante os três ou quatro minutos em que o pião rodopiava velozmente sem parar na palma da minha mão. Assim que desfaleceu desataram aos gritos de "- faz outra vez!", uma, e "- posso tentar mamã!", a outra. A brincadeira repetiu-se umas duas ou três vezes e passo o pião para a mão da Sofia. Começo a enrolar cuidadosamente o cordel à volta. Explico a ambas a função dos dedos para pegar bem no pião e mando-a atirar o pião ao chão com força. Ela assim fez. Esqueci-me que o cordão era muito grande para ela, pelo que o pião bateu no chão que era de madeira, saltou e foi bater também violentamente na parede fazendo-nos fugir a todos. Então, percebi que aquele pião de madeira com aquele bico de metal, igual aos que eu tivera e que adorava na idade da Sofia, é um brinquedo hoje impossível para as minhas filhas. Deixei-as brincar mais algum tempo sem alimentar, nem incentivar as suas investidas naquele chão quase perfeito de madeira e que seria perfeito em terra batida. À décima tentativa falhada, desistiram. Assim, que ambas desviaram a atenção para qualquer outra coisa, eu, confesso, fui esconder o pião tristíssima, mas sem perder a esperança de um dia poder voltar a ensinar-lhes a atirar o pião e a jogar com elas.
3 Comments:
Nunca soube lançar um pião. Só à menina, como se dizia na minha escola e primária. Quer dizer, atirando-o para a frente e puxando a corda para trás. Não de cima para baixo, como mandam as regras.
Por isso, por vergonha, nunca joguei ao pião.
O seu post trouxe-me à memória a palavra "faniqueira".
sim, bartleby.
Aí está algo que nunca fiz - jogar ao pião.
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