Inventário de Obsessões - A Fábula de Aracne
Este quadro é lindíssimo, quanto a mim. O mais curioso relativamente a este quadro é que não há certezas em relação a ele. Durante muito tempo julgou-se que este quadro era apenas uma representação de uma cena de trabalho. Mas apareceu um inventário pertencente a um nobre da corte que o intitula de "A Fábula de Aracne" .
Velasquez inspira-se pois no 6º livro das Metamorfoses de Ovídio onde se descreve que Aracne (rapariga com o braço branco) desafia Palas (inventora da roca de fiar e aqui representada pela mulher disfarçada) para uma competição. Aracne perde e é transformada em aranha. No plano superior 4 figuras femininas ( a escultura, a arquitectura, a pintura e a música) rodeiam a Deusa Pallas. Neste quadro há ainda a cópia de um pormenor de um quadro de Ticiano, O rapto da Europa, datado de 1562. O quadro de Ticiano retrata também um episódio de Ovídio e da referida fábula: Aracné, em plena competição com Palas, tece uma serie de tapeçarias a primeira das quais mostra o rapto de Europa por Zeus, disfarçado de Touro. Assim esta imagem tem um claro sentido alegórico, representando o triunfo das artes sobre o pesado esforço ligado ao trabalho artesanal. E se ainda fosse preciso acrescentar pormenores que expliquem por um lado o contexto da época e da criação da imagem, e por outro lado, a possibilidade de comparação com épocas recentes, eis um último: o momento em que abandona a corte Velasquez queixava-se que esta lhe devia ordenados que teriam ficado por pagar entre 1630 e 1634... O quer mostra que, se a história não se repete, vai gerando inquietantes semelhanças.
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Excerto retirado daqui.
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Excerto retirado daqui.
5 Comments:
Interessante dissertação sobre a cultura visual. Vou guardar o link.
Conheci a obra de Velásquez no Prado, sorte de ter vivido em Madrid o tempo suficiente para visitar esse museu magnífico vezes sem conta! "Las Hilanderas", junto com "Las Meninas" são o que mais aprecio dele, mas também é impressionante admirar "Las Lanzas" e "Los Borrachos". Sem falar em tudo o resto ao redor: Goya, Van Dyck, Bosch, Rubens, El Greco...
já la´estive à porta, mas eu entrei numa fase em que só vou aos museus se a coisa me parecer suportável, caso contrário, não vou. Foi o que aconteceu com o Prado, mas gostava de lá ir ver a Mona!!!!
A Mona está no Louvre.
Katraponga, que erro. É verdade!!!
É que o Louvre tem precisamente o mesmo problema. Talvez pior....
O Louvre é impossível. Sempre me espantou como os espanhóis conseguem ter museus muito mais civilizados, ordeiros e agradáveis que os franceses e até os ingleses. A primeira vez (e a segunda!) que vi a Gioconda foi uma desilusão, pela montanha de gente ao redor do vidro que protegia a tela, o disparar ininterrupto das máquinas, o barulho... Em Espanha, cacifo com as máquinas e dedo sobre os lábios quando há alguém mais ruidoso. Ver a Guernica com mais trinta pessoas ao lado e não ouvir barulho é uma alegria imensa.
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