Antes demais as minhas desculpas por utilizar este espaço para comentar um assunto em debate num blog do lado. Agradeço o seu convite para ir a Lisboa, ou para conhecer Lisboa, mas devo referir que, ao contrário do que possa pensar, conheço relativamente bem a cidade onde reside actualmente. Devo também dizer que, certamente ao contrário de muitos habitantes de Lisboa e do Porto, conheço razoavelmente bem o país e quero aqui sublinhar que, muito sinceramente, julgo que em Portugal existem locais muito mais fascinantes do que a capital. Tal como referi em blogues do lado acredite que nada me move contra Lisboa mesmo apesar da retórica agressiva que por vezes imponho nos textos que escrevo (seja por razões de estilo, feitio, ou puro gozo). O meu objectivo era tão simplesmente sublinhar as diferenças de ser e estar entre lisboetas e portuenses que, em abono da verdade, são por demais evidentes! Repito que nada me move contra Lisboa. Contudo, o seu "recomentário" num blog do lado obriga-me a prestar um esclarecimento, pois focou um ponto que motiva alguma indignação da minha parte. TR, também eu poderia viver em qualquer parte de Portugal ou do Mundo sem problemas. A questão central aqui é política, não se trata de bairrismo estúpido. A minha indignação prende-se com o facto de, mais de trinta anos depois do 25 de Abril, a velha máxima "Portugal é Lisboa e o resto é paisagem" continuar bem presente. E por mais tentativas que façam para mascarar esta realidade será muito fácil desmontar argumentos que tentem desmenti-la. Eu, acima de tudo como português, não posso admitir (por exemplo) que enquanto existem regiões com extremas dificuldades a grande fatia do investimento público seja destinada à capital. Naturalmente por essa razão Lisboa está hoje ao nível das capitais europeias. Poderá agora atirar o argumento do número de habitantes. Essa é a velha justificação, mas é por atitudes políticas como esta que milhares de portugueses continuam a deslocar-se para Lisboa à procura de uma oportunidade, de vida melhor.O mesmo terá acontecido com a própria TR (posso estar enganado). Acredite que enquanto estes argumentos forem utilizados quem perde é o país, e a minha revolta prende-se ainda com o facto de termos hoje em dia em Portugal, e esta é uma crítica que eu faço ao Porto, à minha cidade, pessoas com responsabilidades que se acomodam... que se resignam. Cara TR, também eu teria muito gosto em viver na paz e beleza da costa alentejana tal como referiu, mas não acredito que lá se estabelecesse pois não teria a qualidade de vida que hoje eventualmente tem em Lisboa. A verdade é que as pessoas que nasceram na costa alentejana também têm o direito à qualidade de vida durante todo o ano e não apenas esperar 9 meses do ano à pelo sol de verão e da invasão de turistas para ganhar algum dinheiro. É por estas razões que o interior português está desertificado, é por estas razões que o Porto hoje perdeu a vida cultural de há década e meia atrás. Só para citar alguns exemplos. Por fim, devo dizer que não me aborreci com o seu comentário e que não é Lisboa em si o alvo da minha indignação... De resto, acho que nunca escrevi um comentário tão sério na blogosfera!!!
Ora bolas, Eu vinha aqui lamentar-me de que hoje não tinha almoçado e disposto a lançar um comentário de paenas uma frase (apetecia-me ir almoçar), quando, de repente, dou com o comentário do Barbed Wire. Uma vez que a discussão começou ali ao lado no meu blog, sinto-me autorizado a abusar da paciência da TR e a comentar o assunto aqui. Mesmo a despropósito. E se o despropósito for muito grande, a TR far-me-á o favor de apagar o coment e está o assunto resolvido. Há meia dúzia de coisas que eu não entendo no comentário do Barbed Wire (e, de um modo geral, neste modo Pintista da Costa de ser a favor do Porto, contra Lisboa): 1- De um modo geral (não nego que o Barbed possa ser excepção), as pessoas do Porto que eu vejo protestar contra a hegemonia lisboeta não são contra a hegemonia lisboeta. Desejavam, isso sim, substituir tal hegemonia pela hegemonia do Porto. Sou contra. 2- Não percebo onde é que o Barbed foi buscar a ideia de que em Lisboa existe uma qualidade de vida que falta a uma praia alentejana. Não vejo onde é que está a qualidade de vida de famílias inteiras que têm que se levantar às cinco ou seis da manhã, para passarem as três horas seguintes dentro de um carro, de um comboio apinhado ou de um barco, para chegarem ao emprego às nove horas, repetindo a operação à noite, para regressar a casa. 3- Tem razão o Barbed quando diz que há um círculo vicioso que urge romper: o dinheiro é gasto em Lisboa; quem quiser ganhar dinheiro tem que ir para Lisboa; como muita gente vai para Lisboa, a qualidade de vida baixa em Lisboa e é preciso gastar mais dinheiro em Lisboa, para melhorar a qualidade de vida de quem vive mal em Lisboa. Depois, quem quiser ganhar dinheiro tem que ir para Lisboa... Mas este problema é um problema criado pelos parolos deslumbrados que vêm lá das berças para o poder e depois telefonam ao pai a dizer que já são ministros. Os lisboetas propriamente ditos imagino que pagavam de bom grado, para ver esses grunhos continuarem a fazer estragos apenas na Câmara Municipal lá da sua terrinha. 4- É muito ridículo que um país tão minúsculo como o nosso tenha Norte e Sul, Litoral e Interior, Porto e Lisboa. Não é um atestado a favor da nossa inteligência.
7 Comments:
se pagares...o jantar e a viagem,...eu acompanho-te!
estou a pedir mto?? :P*
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A mim apetecia-me almoçar de novo num dia de sol no Akelarre, em San Sebastián. Sol, a baía e o peixe do Cantábrico...
Cara TR,
Antes demais as minhas desculpas por utilizar este espaço para comentar um assunto em debate num blog do lado.
Agradeço o seu convite para ir a Lisboa, ou para conhecer Lisboa, mas devo referir que, ao contrário do que possa pensar, conheço relativamente bem a cidade onde reside actualmente. Devo também dizer que, certamente ao contrário de muitos habitantes de Lisboa e do Porto, conheço razoavelmente bem o país e quero aqui sublinhar que, muito sinceramente, julgo que em Portugal existem locais muito mais fascinantes do que a capital.
Tal como referi em blogues do lado acredite que nada me move contra Lisboa mesmo apesar da retórica agressiva que por vezes imponho nos textos que escrevo (seja por razões de estilo, feitio, ou puro gozo). O meu objectivo era tão simplesmente sublinhar as diferenças de ser e estar entre lisboetas e portuenses que, em abono da verdade, são por demais evidentes!
Repito que nada me move contra Lisboa. Contudo, o seu "recomentário" num blog do lado obriga-me a prestar um esclarecimento, pois focou um ponto que motiva alguma indignação da minha parte.
TR, também eu poderia viver em qualquer parte de Portugal ou do Mundo sem problemas. A questão central aqui é política, não se trata de bairrismo estúpido. A minha indignação prende-se com o facto de, mais de trinta anos depois do 25 de Abril, a velha máxima "Portugal é Lisboa e o resto é paisagem" continuar bem presente. E por mais tentativas que façam para mascarar esta realidade será muito fácil desmontar argumentos que tentem desmenti-la. Eu, acima de tudo como português, não posso admitir (por exemplo) que enquanto existem regiões com extremas dificuldades a grande fatia do investimento público seja destinada à capital. Naturalmente por essa razão Lisboa está hoje ao nível das capitais europeias. Poderá agora atirar o argumento do número de habitantes. Essa é a velha justificação, mas é por atitudes políticas como esta que milhares de portugueses continuam a deslocar-se para Lisboa à procura de uma oportunidade, de vida melhor.O mesmo terá acontecido com a própria TR (posso estar enganado). Acredite que enquanto estes argumentos forem utilizados quem perde é o país, e a minha revolta prende-se ainda com o facto de termos hoje em dia em Portugal, e esta é uma crítica que eu faço ao Porto, à minha cidade, pessoas com responsabilidades que se acomodam... que se resignam.
Cara TR, também eu teria muito gosto em viver na paz e beleza da costa alentejana tal como referiu, mas não acredito que lá se estabelecesse pois não teria a qualidade de vida que hoje eventualmente tem em Lisboa. A verdade é que as pessoas que nasceram na costa alentejana também têm o direito à qualidade de vida durante todo o ano e não apenas esperar 9 meses do ano à pelo sol de verão e da invasão de turistas para ganhar algum dinheiro.
É por estas razões que o interior português está desertificado, é por estas razões que o Porto hoje perdeu a vida cultural de há década e meia atrás. Só para citar alguns exemplos.
Por fim, devo dizer que não me aborreci com o seu comentário e que não é Lisboa em si o alvo da minha indignação... De resto, acho que nunca escrevi um comentário tão sério na blogosfera!!!
Ora bolas,
Eu vinha aqui lamentar-me de que hoje não tinha almoçado e disposto a lançar um comentário de paenas uma frase (apetecia-me ir almoçar), quando, de repente, dou com o comentário do Barbed Wire.
Uma vez que a discussão começou ali ao lado no meu blog, sinto-me autorizado a abusar da paciência da TR e a comentar o assunto aqui. Mesmo a despropósito. E se o despropósito for muito grande, a TR far-me-á o favor de apagar o coment e está o assunto resolvido.
Há meia dúzia de coisas que eu não entendo no comentário do Barbed Wire (e, de um modo geral, neste modo Pintista da Costa de ser a favor do Porto, contra Lisboa):
1- De um modo geral (não nego que o Barbed possa ser excepção), as pessoas do Porto que eu vejo protestar contra a hegemonia lisboeta não são contra a hegemonia lisboeta. Desejavam, isso sim, substituir tal hegemonia pela hegemonia do Porto. Sou contra.
2- Não percebo onde é que o Barbed foi buscar a ideia de que em Lisboa existe uma qualidade de vida que falta a uma praia alentejana. Não vejo onde é que está a qualidade de vida de famílias inteiras que têm que se levantar às cinco ou seis da manhã, para passarem as três horas seguintes dentro de um carro, de um comboio apinhado ou de um barco, para chegarem ao emprego às nove horas, repetindo a operação à noite, para regressar a casa.
3- Tem razão o Barbed quando diz que há um círculo vicioso que urge romper: o dinheiro é gasto em Lisboa; quem quiser ganhar dinheiro tem que ir para Lisboa; como muita gente vai para Lisboa, a qualidade de vida baixa em Lisboa e é preciso gastar mais dinheiro em Lisboa, para melhorar a qualidade de vida de quem vive mal em Lisboa. Depois, quem quiser ganhar dinheiro tem que ir para Lisboa...
Mas este problema é um problema criado pelos parolos deslumbrados que vêm lá das berças para o poder e depois telefonam ao pai a dizer que já são ministros.
Os lisboetas propriamente ditos imagino que pagavam de bom grado, para ver esses grunhos continuarem a fazer estragos apenas na Câmara Municipal lá da sua terrinha.
4- É muito ridículo que um país tão minúsculo como o nosso tenha Norte e Sul, Litoral e Interior, Porto e Lisboa. Não é um atestado a favor da nossa inteligência.
Que debate mais estéril...
teresa nao resolva tudo com conquilhas, azeitonas e finos
estes problemas bem podiam ser tratados de outra forma.
é possivel que um dia tenha a sorte de o ver escrito.
e mais nao digo porque sou do porto vivo em cedofeita e nunca sai de cá para ter tudo o que tenho.
conquinhas posso comer na galiza que me é mais proxima. finos no porto tambem os tiram bem.
quem se saiu bem foi o funes com o pormenor do politico. (o funes leu a capital do eça)
ai ai ai teresa tá a resvalar
vendo bem e bem lidos ambos os textos posso encontrar verdades em ambos os lados.
a sua sorte é que eu hoje nao estou limonado mas amanteigado.
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