Thursday, October 05, 2006

Será genético?

Na minha família sempre se viram touradas. Eu sempre vi touradas. Gosto de ver e talvez por isso nunca me impressionou a crueldade do espectáculo. Há dias, num fim de semana, dei com as minhas filhas sentadas no chão de nariz colado à televisão a ver uma tourada qualquer. Era a primeira vez que viam semelhante espectáculo. Eu sugeri mudar de canal a julgar que gostariam de ver qualquer coisa mais adequada à idade delas. Engano meu. Esta proposta teve como consequência um choro interminável com súplicas para voltar a pôr a tourada. Eu espantada e sem grande alternativa voltei à tourada e sentei-me ao lado para perceber o impacto daquele jogo sobre elas. Adoraram. Nem por um momento aludiram ao sofrimento do touro. Estavam fascinadas com o cavalo e com o cavaleiro. Depois continuaram fascinadas com o toureiro e com aquelas roupas que temiam que se rasgassem. Ficaram doidas com os forcados. Quando acabou a tourada, fartaram-se de lamentar. Queriam mais naquele preciso momento, evidentemente. Depois de convencidas que naquele momento não daria mais, obrigavam-me a confirmar que daria mais no dia seguinte.


15 Comments:

Blogger Femané said...

… uma coisa é certa, há muita gente aficionada
Meu pai por exemplo era um deles. Eu nem por isso, mas gosto de ver quando dá na TV, agora ir a uma tourada, só mesmo quando era miúdo que acompanhava a família.

2:56 PM  
Blogger Unknown said...

Uma história parecida aconteceu comigo e com a minha filha. Estava a dar na TVI (acho que era) uma corrida em que o toureiro eram mulheres (diz-se a toureira??? - talves seja melhor dizer amazonas). A minha filha adorou nem sequer falou do sofrimento do touro nem eu quis estar a falar disso.
Acho a tourada degradante! Para quem conviveu como eu no meio das vacas e de touros (sempre do outro lado da cerca é verdade) tem de ficar triste com o sofrimento que o touro tem. O touro é um animal que merece respeito, é lindo e cheio de força e vigor. Ao mesmo tem uma face triste.
Quando a minha filha for um pouco maior vou dar-lhe os Bicho do Torga para ela ler: lá tem um capítulo com a história de um touro na arena que está muito bem escrito!

5:26 PM  
Blogger António Conceição said...

Bem, que dizer?
Cada um tem as suas debilidades. O meu peixe favorito também é atum em lata.
Não sabia é que este tipo de dibilidades era genética.

5:57 PM  
Blogger António Conceição said...

Debilidades e não dibilidades - no comentário anterior.

5:58 PM  
Blogger Art&Tal said...

é genetico mesmo.

no porto haviam duas praças de touros. uma em arca de agua outra na rotunda da boa vista...

na minha familia ninguem gostou ou gosta de touradas

coisas.

7:41 PM  
Blogger TR said...

Debilidade? Debilidade seria não poder escolher o que quer ver, assim como o que quer comer!

10:06 PM  
Blogger patchouly said...

O meu Bisavô materno chegou a dirigir uma praça de touros, o meu Avô Materno era aficionad(issim)o, a minha Mãe ainda hoje gosta.
Nem eu nem as minhas irmâs acham piadinha nenhuma.
Genético? Não creio. Cultural sim.

3:12 AM  
Blogger Sardanisca said...

Ainda bem que quem bate com a mão no peito e grita contra as corridas de toiros não é muçulmano,senão estavamos lixados com a retirada de cena destas coisas,tr...
Eu não me queria meter nesta conversa de toiros porque já tive algumas pegas (de caras) com os fervorosos anti touradas,que não levam a lado algum,mas não posso deixar de dizer que a liberdade de escolher o que se quer ver e está disponível é um bem precioso.
Em vez de só falar contra,façam uns cartazes e postem-se à frente da casa do Sócrates para ver se ele os atende...

7:30 PM  
Blogger Luzinha said...

Eu nada tenho contra as touradas nem contra os aficionados (respeito), só que realmente impressiona-me ver o touro a sofrer...


Mas quando era pequenina adorava ver as pegas, coisa que só mesmo os portugueses é que fazem. Valentes! (Aliás houve um português, não me recordo do nome, que entrou num filme americano, acho que foi no Ben-Hur, porque nenhum duplo se atrevia a 'pegar' um touro).

7:50 PM  
Blogger Tiburcius said...

A gente que faz tourada comove-me bastante.
Matar por uma hora de fama... isso é descer muito baixo...

9:57 PM  
Blogger António Conceição said...

Chamava-se Nuno Salvação Barreto, Luzinha.

1:45 PM  
Blogger arte JS said...

sou contra! tenho muita pena dos touros!
estarem ali na praça com imensa gente a olhar pra eles, e como se não bastasse a humilhação que é, suas mães serem umas VACAS, ainda têm que aguentar todo aquele sofrimento até à MORTE! depois, no talho muitas vezes ainda são vendidos por carne de VACA! depois de morto ainda passar por ser vaca é dose!


Agora a sério, sou contra as touradas, mas tenho que respeitar outras opiniões (tenho não tenho?)

5:42 PM  
Blogger Luzinha said...

Obrigada Funes pela informação. Eu lembro-me perfeitamente da cena, mas do nome do forcado não tinha ideia :O))))

9:05 PM  
Blogger Art&Tal said...

com o devido respeito...

eu estava a brincar

os meus pais gostavam de tourada

eu e os meus 3 irmaos detestamos

os filhos (15 e 33) odeiam tourada.

claro eu nao é genetico.

outra coisa haverá.

2:26 PM  
Anonymous Anonymous said...

Ser contra as touradas não é ser contra quem as vê mas contra quem as faz.
A questão não se coloca ao nível da escolha de ver ou não ver, pelo menos no caso dos adultos, mas no caso das crianças compete aos pais terem discernimento para as poupar a determinado tipo de espectáculos como é o caso da tourada.
É natural que as crianças apreciem o colorido, a música, a própria "dança" da tourada, mas daí até compreenderem o que ali está realmente a acontecer vai um longo caminho.
Eu sou assumida e irredutívelmente anti-touradas e já fui confrontado com uma situação idêntica com a minha filha de 6 anos. Quando cheguei a casa ela estava a assitir a uma tourada (salvo erro era na TVI) e em vez de a proibir ou pura e simplesmente mudar de canal sentei-me com ela e expliquei-lhe os pormenores, sem dramatismos nem adornos.
Não precisei de lhe chamar a atenção para o sofrimento evidente do animal... foi ela quem acabou por reconhecê-lo quando viu com mais atenção o sangue que jorrava do pescoço dilacerado do animal e me disse com um esgar: "Papá, mas aquilo deve doer muito ao touro... coitadinho!"
Escusado será dizer qual foi a minha resposta e que foi ela quem pediu para mudar de canal.
Quanto ao teu caso, se calhar se fossem outro tipo de cenas de violencia (agressões em filmes, boxe e similares, programas da vida selvagem...) não as deixavas assistir, mas o teu gosto prevaleceu sobre o instinto.
Certamente elas um dia perceberão que torturar publicamente um animal para dar espectáculo não é uma actividade nobre, e nem sequer é digna!
Ah... e antes que alguém me atire com a cassette da "tradição" e da "cultura", eu digo já o que penso.
As tradições são para respeitar. As boas! As outras devem ficar para a história envoltas num manto de vergonha, como ficou a escravatura, a sonegação dos direitos da mulher, e como um dia ficarão os espectáculos onde se maltratam animais ou mesmo a "tradição" de bater nas mulheres...
Quanto à cultura, se tourada é cultura então canibalismo é gastronomia!

;-)

Fica bem, não foi minha intenção ofendxer fosse quem fosse, apenas expressei a minha opinião sincera, se te sentiste ofendida peço desde já desculpa.
Até sempre.

12:01 AM  

Post a Comment

<< Home