A boa aluna
A Ministra da Educação é uma boa aluna. Tem todas as suas energias concentradas nesta guerra à qual chama "divergência" com os professores. Não se desvia um mílímetro do objectivo. Fá-lo como se a qualidade no ensino dependesse apenas de um agente - os professores - e como se estes fossem a origem e o fim de todos os males na educação. A Senhora Ministra e o seu Ministério não fazem a menor ideia de como pegar no problema da falta de qualidade do ensino, mas parecem ter encontrado o "bode" certo. Encontraram na divisão e fragilidade da classe dos professores o motivo ideal para, pela sua dimensão, gerar grande confusão mediática parecendo que, com enorme esforço e diálogo, se fazem grandes e substanciais alterações, sem na verdade se alterar nada de substancial para a melhoria da qualidade do ensino. A Senhora Ministra tenta convencer-nos de que os maus resultados no ensino devem-se essencialmente à falta de trabalho e irresponsabilidade dos professores ou então que resolvendo este problema, a maior parte do vasto problema do ensino fica resolvida. Toma a parte pelo todo deliberadamente, e toma os professores, os pais dos alunos, e a nós todos por idiotas. Neste momento, é evidente que o que preocupa à Ministra da Educação não é a melhoria da qualidade do ensino, se é que esta alguma vez foi prioridade, mas antes vencer esta batalha que decidiu travar contra os professores, com apoio do governo.
5 Comments:
Tem razão em tudo o que diz excepto quando adjectiva a classe dos professores como "frágil" e "dividida".
Gostava de vê-la com a mesma objectividade a apreciar a actuação dos sindicatos nesta matéria.
Eu já começo a achar que não há culpa, que as causas são um pouco gerais, e que precisávamos de fazer com que as pessoas (todas!) gostassem de saber. Tivessem verdadeiro gosto e prazer ao aprender. Acho que é isso que falta. Gosto.
Eu acho que há bons e maus professores e boas e más escolas. Pode parecer simplificação a mais mas passa quase tudo por aqui.
Gostava de ter visto os professores a lutarem, como têm feito agora, por uma melhor política de educação.
Mas falarem disso agora que lhes estão a tirar regalias é que acho confuso.
É sempre muito injusto quando se tem de generalizar.
Há escolas públicas com óptimos resultados.
Eu não digo em nenhum momento que os professores são todos bons ou todos maus. Penso efectivamente que a classe é frágil e pouco ou nada unida. Quanto aos sindicatos penso que são apenas um motivo do qual os professores se devem envergonhar. Neles, por exemplo, podem-se procurar muitos maus professores, ou professores irresponsáveis. Os professores não serão mais competentes com horários que os obriguem a estar mais tempo numa escola onde não se reunem boas condições para que lá se trabalhe; não serão mais competentes por manter alunos que não são seus dentro de uma sala de aula; não serão mais competentes se não tiverem condições nomeadamente materiais que lhes permitam trabalhar mais; não conseguem ser sempre competentes com turmas de 30 alunos; etc, etc, etc. Estas medidas que a Sra Ministra está a tomar devem visar outra coisa que não a melhoria do ensino. A minha questão é saber o que é que a senhora Ministra pensa estar a melhorar com estas medidas; a minha questão é saber se a Senhora Ministra se preocupa em fornecer às escolas dos nossos filhos os recursos necessários para que os professores trabalhem melhor e possam passar mais tempo na escola, por um lado; e os nossos filhos estejam numa escola onde gostem de estar e onde possam efectivamente estudar acompanhados, por outro; A minha questão é saber por que motivo não se preocupa a Sra Ministra em desenvolver critérios de avaliação de desempenho dos professores; a minha questão é saber se a Sra Ministra tem consciência da burocracia medonha a que um professor é submetido se tiver um aluno indisciplinado e malcriado, por exemplo; a minha questão é perceber se a Sra Minsitra já percebeu que na generalidade dos casos cada professor da mesma turma trabalha para seu lado há anos a fio, em boa parte porque os programas foram concebidos sem a menor articulação entre si, por exemplo; mas o que francamente me parece é que a Sra Ministra encontrou um bode que por ser gigante, complicado e desunido lhe assegura trabalho aparente durante muito tempo. Se os professores são assim tão maus em todos os ciclos de ensino e são eles a causa dos maus resultados, então obriguem-se os professores a fazer exames de X em X tempo. Os problemas com excesso de professores ficava de imediato resolvido.
Por concidência, com um intervalo de 24 horas, tanto eu, no blog onde alinhavo uns desconchavos, como a TR aqui, escrevemos sobre a snr.ª ministra da educação textos fortemente críticos. Ao que julgo nenhum de nós lecciona. Assim, este tipo de impressão parece estar a alastrar na sociedadade porrtuguesa. Os responsáveis máximos pelas deficiências do estado do ensino secundátrio em Portugal são aqueles a quem o Pirata Vermelho se refere no penúltimo cometário que fez a este post. O outro grande factor de desestabilização da escola foi a pretensão política de que graves disfunções sociais e familiares de uma crescente percentagem dos alunos fossem resolvidas dentro do sistema escolar, por quem não tem preparação, poderes ou meios para o conseguir fazer eficazmente (os professores).
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