Inventário de obsessões
\Podia ser Os Idiotas, Dogville, Dancer in the Dark do Lars von Trier ou ainda A Festa, do Vintenberg com o Lars von Trier ou qualquer um dos do movimento Dogma 95; podia ser Os Incompreendidos do Truffaut ou Os Acossados do Godard da Novelle Vague ou ainda Laranja Mecânica; Eyes Wide Shut ou o Lolita do Kubrik; podia ser Os Pássaros do Hitchcock; podia ser o Cães Danados do Tarantino; o recente Sideways que não me lembro de quem é; alguns do Almodovar; Ponette do Doillon; Saraband ou Morangos Selvagens do Bergman ou mesmo Shine que também não me lembro de quem é... Nenhum destes filmes é o filme da minha vida, atribuição que de resto detesto, mas qualquer um destes filmes (estes são os que me surgem neste momento) é na sua singularidade, um filme que marcou a minha vida; contudo há UM FILME que constitui uma obsessão particular, dentro desta obsessão mais genérica que é o cinema; esta obsessão particular chama-se PERSONA do Ingmar Bergman, realizado em 1966, meia dúzia de anos antes de eu nascer. É uma obra prima. É a obra prima do Bergman. É uma obra prima do cinema. É uma obra prima para a vida. É uma obra prima para a minha vida.
É um filme intimista, interior, íntimo, inteiro, inegualável. Explode e implode em coisas de amor, dor, trabalho, amizade, ódio, sexo, rancor, dedicação, obsessão, sonho, realidade, frustração, solidão, silêncio, pânico, abandono, encontro, crueza, laços,... Há o espaço de uma casa e há o mar. É dirigido ao espectador. É trabalhado para o espectador. É estudado para o espectador. É um filme de relações, relações entre pessoas, relações com o mundo exterior e com o mundo interior; relações com arte; relações com a utopia. É um filme que não deixa o espectador em paz.
A musa do génio, a maravilhosa Liv Ullmann é maravilhosa, no auge da carreira e no auge da beleza e a igualmente maravilhosa Bibi Andersson é igualmente maravilhosa. O Ingmar Bergman é o génio que ao que se diz, por se ter metido em problemas, nomeadamente com fugas ao fisco, zangou-se, exilou-se e deixou de fazer cinema, lamentavelmente.
3 Comments:
E o Saraband, Teresa?
csa, o Saraband está lá, mas mal escrito, está Staband. Vou corrigir!
Li uma coisa organizada pelo haroldo de campo que se chama idiograma – logica poesia linguagem. lá para o meio tinha um texto do serguei eisenstein com o seguimte titulo: cinema e idiograma. bom o homem falava de idiogramas, de haiku e eu sem perceber a relação entre aquela “tralha” toda. Descobri mais tarde que havia de facto uma relação. A mesma relação que havia entre bashô, satie, cage ou bergman. Existe uma frugalidade de meios que torna tudo muito expressivo. O silencio, o movimento mínimo …
é isto que me causa encanto
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