Momento do dia
Sou uma privilegiada. Viajo de Metro diariamente de casa para o trabalho e vice-versa. Tenho Metro quase à porta de casa e perto da empresa onde trabalho. Isto, para além do conforto, significa vinte minutos de leitura diária e concentrada; ou melhor, não chegam a ser vinte minutos, porque tenho de trocar de linha, mas adiante; ao todo, são à volta de quarenta minutos diários de leitura. Um luxo. Estou já mecanizada para um objectivo muito preciso, ler, seja um livro seja os jornais gratuítos. Já não faço qualquer esforço para a mais apurada concentração. É como se tivesse entrado num sono profundo que não se deixa abalar nem pela entrada e saída de passageiros; nem pelas conversas do lado; nem pelos pedintes residentes; nem por estar de pé ou sentada; nem pelo barulho que o próprio Metro faz e que não é pouco; contudo, inexplicavelmente, há uma situação que me desconcentra, que me desperta, que, na verdade, me tira do sério e na qual lamentavelmente julgo não poder, não ter o direito, de interferir, a saber: os walkman e afins. Aquelas extensões normalmente mínimas enfiadas no ouvido a explodir sons horrendos pelo nariz, pela boca, pelos olhos do utilizador fazem acordar aquilo que de pior tenho. Pode ser paranóia minha. Eu até gosto de ouvir música bem alto quando estou sozinha. Mas sinto-me muito incomodada.
Hoje, eu vinha no início da carruagem do Metro sentada e ao fundo da mesma carruagem, encostado a uma porta, bem ao fundo, vinha, não um adolescente, mas um rapaz já crescido, aparentava uns 25/26 anos, a ouvir música e a dar-nos música. Não consegui ler uma linha a pensar em quantos decibéis lhe estariam a lesar os tímpanos. Mesmo quando o Metro produzia aquele som semelhante ao de um trovão, eu conseguia ouvir as batidas de uma bateria...
Para além de me irritar, já não é novidade para ninguém que o excesso de ruído é um problema, seja barulho deste tipo, o barulho de rua ou outro. Há dias li um artigo, que não encontro, que dizia qualquer coisa como isto: na Alemanha, as estatísticas apontam para que pelo menos 35% dos adolescentes tenham de usar aparelhos de surdez ainda antes de atingirem os 50 anos, sendo que um quarto desses adolescentes já ouve mal.
No meu caso concreto, nem quero saber se o rapaz vai ouvir mal ou se já ouve mal; no meu caso concreto irrita-me e incomoda-me. Atinge-me, invade o meu espaço. Invade, na verdade, um espaço público...
Hoje, eu vinha no início da carruagem do Metro sentada e ao fundo da mesma carruagem, encostado a uma porta, bem ao fundo, vinha, não um adolescente, mas um rapaz já crescido, aparentava uns 25/26 anos, a ouvir música e a dar-nos música. Não consegui ler uma linha a pensar em quantos decibéis lhe estariam a lesar os tímpanos. Mesmo quando o Metro produzia aquele som semelhante ao de um trovão, eu conseguia ouvir as batidas de uma bateria...
Para além de me irritar, já não é novidade para ninguém que o excesso de ruído é um problema, seja barulho deste tipo, o barulho de rua ou outro. Há dias li um artigo, que não encontro, que dizia qualquer coisa como isto: na Alemanha, as estatísticas apontam para que pelo menos 35% dos adolescentes tenham de usar aparelhos de surdez ainda antes de atingirem os 50 anos, sendo que um quarto desses adolescentes já ouve mal.
No meu caso concreto, nem quero saber se o rapaz vai ouvir mal ou se já ouve mal; no meu caso concreto irrita-me e incomoda-me. Atinge-me, invade o meu espaço. Invade, na verdade, um espaço público...
2 Comments:
Acho que era Schopenhauer que dizia que a capacidade de ruído que um indivíduo é capaz de suportar é inversamente proporcional à sua inteligência.
Sei do que fala. De há dois meses a esta parte, também eu ando de metro e também mudo de linha a meio. Infelizmente, nas duas linhas juntas, a viagem só demora 7 ou 8 minutos. Só dá para ler os títulos do jornal.
pois... o Schopenhauer e a poluiçao sonora ...
o porto é para ser lambido a pé nunca de metro. a 2 minutos nas escadas do carolina há um metro que nunca me vê.
Post a Comment
<< Home