Tuesday, January 10, 2006

Inventário de obsessões



Dispensa apresentações. É de mármore, uma peça una. É a mais bela virgem que conheço. Do ano de 1498. Michelangelo era um desconhecido e tinha apenas 23 anos. Não é incrível?


Partilho os dois pormenores especiais que retenho desta escultura para mim:
- a bela face da virgem que não está triste, nem angustiada com o filho morto nos braços....
- o ombro direito de Cristo, com a mão da mãe por debaixo do seu braço, é de uma perfeição impressionante....

5 Comments:

Blogger António Conceição said...

É, de facto, absolutamente impressionante. Quando estive em Roma, tive que olhar duas, três, quatro vezes, para acreditar que aquilo era mesmo pedra.
Só com muita dificuldade eu faria melhor.

6:06 PM  
Blogger Art&Tal said...

“- o ombro direito de Cristo, com a mão da mãe por debaixo do seu braço, é de uma perfeição impressionante....”

forma de apreciação vulgar. As pessoas sempre associaram qualidade artística à capacidade de alguém reproduzir o real.
Será que também a escolheu por ter levado umas marteladas?
A verdade artística do miguel ângelo não está apenas nisto mas também naquilo.

6:57 PM  
Blogger TR said...

caro Holeart, as peças da época procuravam não mais do que a perfeição na representação do real; ou os artistas usavam o real para aproximar as suas peças de arte do ser humano; aliás a evolução da arte ao longo dos séculos demonstra isso mesmo, até se chegar à fotografia, até se começar a questionar outras formas de arte, até hoje estarmos num momento em que arte é comunicação e a fronteira entre o que pode ou não ser considerado obra de arte estar mais ténue do que nunca.
Uma das coisas mais interessantes na história da pintura, por exemplo (e que me encanta), está nos estudos que Constable fazia sobre as nuvens. Constable ficava horas ao relento a olhar as núvens para as representar o mais próximo da realidade possível; ora, isto é absurdo. As nuvens nunca, jamais são reproduzíveis de acordo com a realidade. Não se pode parar uma nuvem no céu, até que a acabemos de pintar, mas a busca da realidade sempre existiu e Constable fê-lo porque sabia que as suas obras seriam tanto melhores, quanto melhor fossem a representação da realidade. Isto para mim é maravilhoso. Depois, com o tempo, com a história, com os novos descobrimentos tecnológicos, com a filosofia, compreendeu-se que memso o que é estático é irreproduzível. Não é possível reproduzir um cachimbo, mas é possível fazer a representação de um cachimbo. "Ceci n'est pas une pipe" (Magritte). É esta representação do ombro de Cristo que me encanta, simplesmente.

7:15 PM  
Blogger K. said...

Michelangelo era um génio a todos os níveis. Quatro anos a pintar a Capela Sistina, uma obra indiscritível e no entanto, por humildade, disse sempre ser apenas escultor e não pintor ou arquitecto. Faleceu com 89 anos numa época em que a esperança média de vida era de 40. Um gigante.

8:25 PM  
Blogger Art&Tal said...

eu já sabia. Eu já sabia que você sabia. Achei só um tanto pobre você circunscrever o talento do homem a um pormenor. Não é por si nem por alguns comentadores esclarecidos que por aqui vai tento
é por causa dos outros os que não comentam. entram saem e podem levar um ácaro agarrado ao olho.
a propósito.
(... hum, fica sempre por cima....? ) para o caso concreto eu prefiro pensar que fico ao lado.

6:18 AM  

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