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"(...) penso no absurdo de escrever. De estar a escrever quando podia estar com os amigos, ir ao cinema, ir dançar que é uma coisa de que gosto... mas não, um tipo está ali e é um bocado esquizofrénico. (...) Há sempre uma parte subterrânea nas obras de arte impossível de explicar. Como no amor. Esse mistério é, talvez seja, a própria essência do acto criador. (...) Quando criamos é como se provocássemos uma espécie de loucura, quando nos fechamos sozinhos para escrever é como se nos tornássemos doentes. A nossa superfície de contacto com a realidade diminui, ali estamos encarcerados numa espécie de ovo... só que tem de haver uma parte racional em nós que ordene a desordem provocada. A escrita é um delírio organizado."
2 Comments:
e pronto. aqui está a verdade. hum... verdade....
Ainda bem que alguém comenta este excerto. Eu sou daspoucas pessoas que conheço que gosta mais do António Lobo Antunes pessoa do que do A. Lobo Antunes escritor. Gosto daquilo que dizem ser arrogância que entretanto foi perdendo, gosto do pedantismo dele, gosto dos insultos, gosto das permanentes divagações em que ele parece louco, porque o acho terrivelmente sincero, acho que ele fala e escreve, efectivamente com o coração, parece um miúdo, é de uma ternura quase impossível. Evito-lhe os livros, mas devoro-lhe as crónicas, as entrevistas,...
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