Monday, November 06, 2006

Direitos opcionais

Um dos curiosos assuntos da actualidade é o crescente interesse da China por África, interesse esse que é já antigo, mas que aumentou exponencialmente nestes últimos anos. E não é nada que espante. Ao ritmo a que vem crescendo a economia chinesa (9%/ano), a China precisará brevemente de mais recursos naturais e de mais matérias primas do que aqueles que o próprio país possui e que até hoje são suficientes. Os chineses estão pois de olhos em bico e malas feitas para embarcar definitivamente para África. África por seu lado, vê na China uma indiscutível oportunidade de incremento das suas exportações em especial dos seus recursos naturais e consequentemente uma melhoria económica. Ao mesmo tempo essa África , aparentemente, florescente não resiste ao aliciamento de poder ter ao seu alcance, entre milhares de outras coisas, exemplares baratíssimos das novas tecnologias do mundo desenvolvido. As lojas chinesas não crescem apenas na Europa, em África abrem novas lojas todos os dias. África passa a ser também mais um bom mercado para a China escoar o seu "lixo de plástico". Aparentemente os dois continentes saem a ganhar com estas negociações. Aparentemente, porque estamos a falar de países onde não existem, na sua maioria, quaisquer direitos humanos. Onde os líderes são carrascos do próprio povo. Massacram pessoas, massacram povos inteiros. Dos dois lados há milhares de pessoas que morrem de fome; milhares de pessoas violadas, castigadas, exploradas, humilhadas, miseráveis, paupérrimas. Não é difícil, pois, imaginar que os negócios entre ambos se concretizem com facilidade, afinal a linguagem entre líderes de regimes odiosos é seguramente a mesma.

Enquanto isso, os paladinos dos direitos humanos, a Europa e os EUA, assitem silenciosos às negociações entre a China e África à espera do seu quinhão, diplomaticamente preocupados em alimentar a preciosa amizade com a China e em estabelecer boas, senão excelentes relações com África.

Não será demasiada inocência nossa esperar que os nossos governantes, esses homens eleitos por nós, se mostrem indignados e estrebuchem em nosso nome pelos mais dignos e honrosos direitos da humanidade perante a condenação à morte na forca de Saddam?

7 Comments:

Blogger TR said...

É verdade Pirata. Hoje mais do que nunca a China exporta o seu povo, sendo que isto não é novo.Os chineses sempre levaram o seu povo trabalhador e explorado para onde quer que foram. Tanto quanto eu sei, davam aos naturais que trabalhavam para eles, o mesmo tratamento que davam aos seus conterrâneos. Se isto pode parecer bom, não é, porque sempre desconheceram o sentido de "condições de trabalho" e ao que parece há exemplos (em África)arrepiantes; contudo é verdade que em proveito próprio ajudaram e vão ajudar a desenvolver alguns países africanos, por exemplo, ao nivel de infraestruturas básicas que são essenciais para os seus negócios.

9:14 PM  
Blogger Unknown said...

O teu post levanta várias questões. Vou no entanto abordar uma: "A China do Plástico".
Acho que estamos um pouco enganados sobre o que se produz na China. Eles têm qualidade tão ou melhor que a nossa: no fundo estamos a falar de um novo Japão mas bem maior.
Um amigo meu foi recentemente à China em negócios. Veio de lá feliz para o seu negócio mas um pouco com receio do que a China será dentro de alguns (poucos) anos.
Uma coisa é certa: o futuro passa cada vez mais pela China e cada vez menos pela Europa.

10:21 PM  
Blogger Femané said...

CHINA:
O império Chinês está aí e é imparável a sua expansão económica evoluindo para a dominação financeira, do mundo, dando assim lugar, num futuro cada vez mais próximo, ao actual império Norte-americano.
O seu artigo está pois, na minha opinião, muito bem observado. Parabéns por isso.

SADAN:
O homem arrisca-se a ser condenado mais de uma vez à morte. O segundo julgamento começou hoje.
Mas se não for condenado à pena máxima, será que terá de viver o tempo suficiente para cumprir a pena de prisão perpétua!? – O ridículo da situação enerva-me…
Por outro lado a administração Bush invocou ao Mundo a necessidade urgente de invadir o Iraque “por lá haver ameaça eminente de guerra nuclear”. O Mundo por sua vez fez que acreditou e seguiu rigorosamente as ordens do império.
Há portanto, na minha opinião algo que fica sem ser condenado…
Era capaz de ser interessante que o povo americano julgasse o senhor Bush pela mentira, que está a custar tanta vida ao Mundo. – Talvez se arriscasse a ser condenado à morte já que essa pena constitui o castigo máximo nalguns Estados do seu país…

11:26 AM  
Anonymous Anonymous said...

Vou começar pelo Saddam.
Os EU também têm a pena de morte. Eu nunca a defendi. É inconcebível a maneira como o julgamento decorreu e é aí que se deveria actuar.
Quanto à China...todas as grandes multinacionais lá estão para tirar o seu maior quinhão. Como atacar só a China?

2:21 PM  
Blogger Femané said...

Ups...
em vez de sadan, deverá ler-se Saddam.
As minhas desculpas.

Um beijinho.

4:20 PM  
Blogger TR said...

Oh Bernardino, não sei a que imagens se refere.

Ninguém duvida que Saddam merece uma pena severa; contudo o processo, que se exigia transparente, não foi. Esta é a grande questão.

6:40 PM  
Blogger Art&Tal said...

por questoes de segurança local

eu nao sei se nao continuaria a gostar de o ter por lá...

estamos a falar de que?

é um miseravel?

eu diria mais mas nao posso.

pena de morte?

nesse aspecto muitos haveriam para.

para... mesmo.

nao

nao concordo

seria mais razoavel um novo diluvio ou um asteroide para ver se desta vez iamos todos.
todos... ; menos eu.

7:55 PM  

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