Friday, October 20, 2006

Porque é que os prédios da EPUL têm ar de prédios da EPUL?

ou então,

Porque é que os prédios dos bairros sociais têm sempre ar de prédios de bairros sociais?

E não. Não me refiro ao facto de os materiais de construção serem mais baratos ou menos bons, porque não sei são e isso não interessa. Refiro-me essencialmente à arquitectura e em tudo aquilo em que ela é responsável. Observem este exemplo que até tem dado muito que falar.

8 Comments:

Blogger TR said...

Exmo Pirata,
Quando me refiro a tudo o que diz respeito à arquitectura refiro-me também precisamente a questões de funcionalidade e integração urbana.

Penso que está a tentar dizer-me que termos aqui um trabalho mais luxuoso e mais interessante, que se insere nessas«"coisas" também da EPUL mas que não o são». Talvez, mas não parece que venha a pertencer a qualquer bom exemplo de intervenção urbana, quer no domínio da arquitectura do edifício em si, quer no domínio de integração do mesmo com o meio. Admito que estou a ser prematura, mas para já tem de admitir que aquilo parece uma obra má dos anos70, sendo que eu gosto de muitas obras dessa altura. Vamos ficar a ver o que dá.

8:09 PM  
Blogger Malta de 74 said...

Se me permitem, quando lá passo e reparo na edificação, entra em mim uma angústia, uma dor de alma, uma ideia de entrar para uma prisão de luxo.
Aquele edifício tem janelas? Varandas, onde num final de tarde se possa sentir ... a vida?

8:29 PM  
Blogger TR said...

Não podia estar mais de acordo com o semprejurista. Penso exactamente o mesmo sempre que lá passo: "será que não tem varandas? Mas as janelas são assim tão pequenas e horríveis? quem é que hoje quer uma casa sem luz mesmo que seja na Av das Forças Armadas/ Entrecampos...?"
A comparação mais próxima que encontro para o que vejo quando lá passo é com uma prisão.

8:39 PM  
Blogger patchouly said...

Acerca de varandas e vãos pequenos em habitação social:
O controle de custos é o factor primordial quando falamos de habitação social. Poupa-se nas áreas de construção porque o terreno é um dos factores mais caros no preço final da obra e portanto há que rentabilizá-lo, ocupando-o com o máximo numero de fogos minimamente confortáveis e, claro, cumprindo a legislação em vigor (RGEU). É portanto inevitável que áreas como varandas ou zonas comuns de circulação dos edifícios sejam diminutas ou mesmo inexistentes. Não por acaso as entradas dos prédios e as áreas exteriores de cada fogo (varandas e terraços) são alguns dos elementos em que os promotores mais investem quando querem “vender” requinte e luxo.
Da mesma forma a dimensão dos vãos é diminuída ao máximo para poupar custos. Um tramo de parede de tijolo, rebocado, pintado e eventualmente isolado termicamente é mais barato que um caixilho com vidro. Além do mais a eficiência térmica de um edifício com vãos mais pequenos e superfícies de alvenaria maiores é superior a um edifício envidraçado, ou pelo menos com vãos maiores. Isso explica porque é que são as sociedades mais prósperas e ricas as que constroem mais edifícios com fachada-cortina.
Isto dito, não creio que as limitações que refiro impliquem a mediocridade arquitectónica. Bem pelo contrário, conheço felizmente muitos exemplos de boas peças arquitectónicas em bairros sociais recentes e mais antigos.

10:47 PM  
Blogger Sardanisca said...

Este aparenta ser mais um cubículo que faz lembrar a URSS no seu melhor,mas também há bons exemplos,tr.
Este,com outros 2,foi premiado pelo INH.
Haja esperança...

http://cmmatosinhos.wiremaze.com/pagegen.asp?SYS_PAGE_ID=822240&id=146

7:28 AM  
Blogger TR said...

Não tem motivo para pedir desculpa Pirata, penso que não trabalham ao fim de semana! :-)

11:44 PM  
Blogger patchouly said...

A argumentação economicista não é minha, é a do dono de obra, e está sempre presente em qualquer projecto de arquitectura, seja de custos controlados ou não. Eu pretendi apenas demonstrar que certas características da construção são inevitáveis quando não há dinheiro. Quem me dera que os bairros sociais tivessem áreas generosas, varandas, etc.
Quanto à rentabilização do espaço, não percebo porque é que não é um factor arquitectónico. O dono de obra não me diz isso: o que normalmente é pedido é o uso racional dos recursos existentes para a produção de uma obra de arquitectura de qualidade. Seja ela um bairro social ou uma habitação unifamiliar de luxo.

4:58 PM  
Blogger TR said...

Compreendo perfeitamente o que o Patchouly explica e muito bem; ninguém melhor do que ele para falar no assunto da sua área de trabalho. Eu não percebo nada do assunto e limito-me a escrever sobre a impressão, enquanto cidadã, que retenho depois de olhar para algumas destas obras. A minha questão é, acima de tudo, de ordem estética. Os prédios dos bairros sociais, salvo honrosas excepções, conhecem-se ao longe. E conhecem-se também porque, regra geral, são feíssimos. E o que os faz feios não é apenas a falta de varandas, que aliás está na moda, o que os faz feios é o facto de serem todos caixotes de cores diferentes, sendo que as cores por norma são de um mau gosto impressionante, ou melhor os materiais de revestimento, as combinações entre os materiais são atrozes, as janelas pequeníssimas, os recantos escuros, a falta de luz, ... Resumidamente têm um ar pobre. Fazem.nos pensar que aquilo não pode ter sido concebido por um tipo que se diz arquitecto. É evidente que as cidades estão cheias de casos iguais ou piores de projectos particulares. E para esses a minha dúvida é a mesma. Há igualmente bons exemplos e ainda bem, porque assim é que devia ser com todos.

Este caso particular que aponto causa-me também a mim um arrepio de horror cada vez que lá passo. Mas o arrepio não é apenas pelo que vejo Patchouly, é especialmente quando associo o que vejo ao custo de cada um daqueles apartamentos (em média superior a 200 mil euros).

12:00 AM  

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