Wednesday, January 11, 2006

"Delikatessen" - Globalizem o que é verdadeiramente importante

Acabo de ler no jornal a directiva sobre a apresentação das embalagens de azeite nos locais de consumo. Eu se tivesse de fazer uma lista de coisas detestáveis, uma das primeiras, ou mesmo a primeira, seria fastfood, qualquer que seja o tipo. Devo acrescentar que entrei num McDonalds, por exemplo, uma vez na vida. Detesto.

Sou muito tradicional no que diz respeito a comida dentro do meu país. Gosto do bacalhau cozido regado com azeite; adoro um peixe grelhado com um fio de azeite por cima; adoro ameijoas ou conquilhas(não sei como se diz no Porto, onde nem creio que existam) passadas em azeite e alho, adoro batatas cozidas regadas com azeite e alho e um bocadinho de vinagre; adoro azeite com alho quente para molhar pão, adoro batatas, fritas em azeite, adoro míscaros passados por azeite e alho, adoro salada temperada com azeite e vinagre, só para dar alguns exemplos. Estas normas europeias sobre o azeite irritam-me um bocadinho, apesar de inegáveis aspectos positivos que trazem. Garrafas seladas, ainda vá, agora substituir um galheteiro por pacotes individuais de papel ou plástico? Mais lixo? Mais desperdício? Controlo de qualidade? Mas alguém acredita que aqueles pacotinhos de manteiga, paté e outros, que são servidos como entrada e que na maior parte das vezes andam de mesa em mesa durante meses, derrete e volta para o frigorífico, são garantia de que o produto está em perfeitas condições para ser consumido? Mais tarde ou mais cedo fazem o mesmo com o vinagre.... Fico indignada. Não acho graça. Estas generalizações europeias desagradam-me. Será paranóia minha?

Outro dos meus desejos era fazer um curso de prova de azeite e antes disso visitar um lagar de azeite, um lagar tradicional, que não faço ideia de como seja. Creio que tenho de me apressar para apanhar um destes.

8 Comments:

Blogger António A. Antunes said...

deixa lá isso...

6:18 PM  
Blogger Art&Tal said...

tetrapak com azeite!?
eu nao acredito
azeite.... claro
sabe, aquino porto diz-se quando alguem fala de um assunto dificil: "sei tanto disso como de lagares de azeite".
eu por acaso sei como funciona um lagar tradicional. acho que voce vai gostar de encontrar em tras-os-montes ou no douro uma coisa dessas.
ameijoas no porto... só no bolhao e pouco mais
interessante assunto
molhos com azeite...
sim sim

6:55 PM  
Blogger António Conceição said...

Bem vinda ao clube das embirrações.
Só lamento que me tenha tirado o tema para um post que também ia fazer sobre o mesmo assunto.

No Vale Grande, aí a 4 ou 5 Km. do "Restaurante Vidal" de Aguada de Baixo, há um lagar de azeite. Não precisa de ir tão longe como o Douro ou Trás-os-montes, como sugere Holeart. Embora o passeio ao Douro valha por um milhão de outros motivos para lá dos lagares de azeite.
Mas isto sou eu a falar, que de turismo sei tanto como de lagares de azeite.

8:41 PM  
Blogger K. said...

É pena, de facto. Pelo menos nos restaurantes em que a higiene é uma das virtudes oferecidas aos clientes. Lembro-me de um ou outro sítio onde o galheteiro chega mesmo a ser pitoresco.

Teresa, este post fez-me cá uma fome! ;)

10:22 PM  
Blogger TR said...

Holeart, não conhecia a expressão"sei tanto disso como de lagares de azeite". Deve ter uma origem engraçada.

Em Lisboa comem-se muito "ameijoas à bulhão pato", por exemplo e também conquilhas. As conquilhas são da família mas têm uma concha lisa rosada e mais alongada. São muito boas. Modéstia à parte, mas faço uma sopa, designada "canja de conquilhas" com coentros (erva que não se usa muito no norte também) que faz chorar muita gente de tão boa que é.

Funes, agradeço-lhe a informação. A minha mãe oferece-me todos os anos azeite que compra algures pela zona ecntro, quem sabe não tem origem nesse lagar. Gostava mesmo de vistar um lagar de azeite e perceber como é que se faz o azeite, como é que trabalham a acidez, etc. Sei que os produtores estão a ser pressionadíssimos para se modernizarem, daí o meu interesse em ver um lagar tradicional.

Quanto aos passeios no Douro, creio saber como são alguns. Já fiz a linha do Douro de comboio de S Bento ao Pocinho. Estive numa prova de vinhos no Duas Quintas; Na quinta Vale Meão, e não me lembro de outras. Desnecessários são os elogios ao Douro. hei-de de fazer a linha do Tua também de comboio. E acho que me falta outra linha qualquer, mas não me lembro. Aliás gostava de visitar o país de comboio. No alentejo também há percursos fabulosos.

Vou-me informar sobre a questão do azeite que me interessa. Obrigada pela dica.

12:10 AM  
Blogger TR said...

Funes,

Acho que pode fazer o seu post sobre azeite, até porque a maior parte do seu público não deve passar muito por aqui. " Amigo não empata amigo"!

12:56 AM  
Blogger Art&Tal said...

a acidez... diz muito bem
um familiar que tem uma quinta no douro deu-me um dia um garafão de azeite que nem para as lamparinas servia. até o pavio gritava de acido que era.

e já que fala de azeite aí vai uma palavra gira: alpechim

5:44 AM  
Blogger Macro said...

Com tanta culinária será fácil montar um restaurante.

Um lagar de azeite... Como será...
Um lagar carece de espaço, tipo armazém, uns 300/500 m2 dão; depois existe um motor ligado com umas cintas a um diferencial que fazem girar duas grandes rodas de mármore, pesando cada uma cerca de uma tonelada. Se são duas - temos duas toneladas que ao girar dentro dum tanque vão moendo a azeitona - até ele ficar em papa, como quem espalma a batata com um garfo até fazer puré!!! depois essa papa (que já foi azeitona) é transportada para umas prensas... que não são + do que tapetes redondos que são barrados com a dita papa.Faz-se isso a uma pilha de tapetes, e qdo se somarem uns 30/40 tapetes recheados alternadamente pela tal papa - imagine-se uma tosta mistica - são submetidos a uma prenssa - que os expreme hidraulicamente, e qdo isso sucede o resultado dessa prenssagem só pode ser um: corre o liquido que será depois transformado em azeite - e depois devidamente calibrado etc e tal.

Quando o azeite estiver ok, manda-se vir o bacalhau, depois o vinho, depois os comensais, depois os primos, as primas, o cão, o gato, o canário, o pastor, a cabra, o marido dela, e faz-se uma grande refeição.

Tudo à pala do azeite e do lagar q o permitiu fazer.
best

2:25 AM  

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