Friday, March 31, 2006

Sem Título (por enquanto) - I

(TR)

Tenho um título em mente para esta fotografia que faz parte de uma série de fotografias que irei aqui pondo. De qualquer forma, se quiserem, aceitam-se sugestões. Direi depois qual o título que tinha em mente.

Hábitos em vias de extinção?

Ontem tive de preencher as moradas em nove envelopes e depois tive de preencher os documentos para enviar a correspondência registada e com aviso de recepção. No fim de preencher isto tudo, com alguns intervalos curtos pelo meio para aliviar o cansaço, tinha a mão direita a doer e o braço e antebraço estavam igualmente doridos. Apercebi-me então, de há quanto tempo não escrevo um texto mais ou menos longo à mão. Efectivamente, no meu dia-a-dia já não escrevo textos curtos ou longos à mão, no máximo tomo umas notas, de resto teclo sempre que preciso de escrever alguma coisa. Mais, apercebi-me que a minha caligrafia está completamente destreinada e muito mais desalinhada do que aquilo que já era.

Thursday, March 30, 2006

o elogio da estupidez

Durante o dia de hoje sempre que me deparava com a questão da Margarida Rebelo Pinto e do João Pedro George pensava em como é possível hoje semelhante estupidez; como é possível um ser humano ser tão estúpido? E pensei ainda, poderá alguma vez a estupidez converter-se em virtude? OU, será que bem saber usar a estupidez é uma virtude? OU, será que existe a virtude de ser estúpido?...

...

*****

Helen Levitt - 4 boys, 1940

Wednesday, March 29, 2006

Isto não é publicidade, juro que não!

Hoje apetecia-me ir almoçar ao "Eduardo das conquilhas".

Impulse

Fazer um comentário vago a um post interessante é, quanto a mim, perfeitamente aceitável; esforçar-se por comentar um post ridículo é uma imbecilidade. Não sei o que me deu....

Tuesday, March 28, 2006

Inventário de Obsessões

Não é uma obsessão apenas pela simplicidade da obra e do autor, é essencialmente porque aqui é tudo absolutamente mais-que-perfeito.


Natureza Morta - 1946


Still Life - 1958

Giorgio Morandi.

Save the next dance for me at the Saratoga Savoy


(copiado sem autorização prévia, daqui)

Que denominação...

SIMPLEX - A mim soa-me a marca de tampões ou pensos higiénicos...

Monday, March 27, 2006

Confissão inapreensível

Tenho por vezes breves momentos de firme certeza de que tudo o que me é essencial em cada dia para viver, me é absolutamente secundário. Na verdade, trata-se de uma sensação, porque não tenho a certeza, de que quase nada me interessa verdadeiramente. Uma sensação estranhíssima de que se morrer amanhã quero que hoje quase nada me interesse verdadeiramente. É então que sinto um quase desejo de ter permanente esta lucidez. Despreocupadamente deixar-me passear pelas horas e esperar por esse momento.

vontade que persiste

dancers in repouse - Degas


Hoje em conversa com uma amiga falámos de dançar, ballet, sevilhanas, bailes, dança clássica, dança contemporânea, danças de salão, etc... Não sei há quanto tempo não danço. Apetece-me dançar. Não dançar simplesmente, na verdade, mas aprender a dançar.

Sunday, March 26, 2006

Será necessário dizer que vale muito a pena?





(TR)

Saturday, March 25, 2006

Desajustado?

Gosto de gelados no Inverno e de tomar chá quente no Verão.

Péssimo para ouvir, mas interessante de ver

Eu, já achava que a televisão espanhola, por exemplo, tinha uma programação pior do que a nossa, mas a italiana..., a italiana é péssima. Do que vi, ao fim do dia, a programação é paupérrima. Menos telenovelas do que nós, é certo, mas programas com jogos a todo o momento, com pessoas vestidas, com pessoas nuas, com questões de cultura geral, com questões sem cultura nenhuma, com adivinhas, com palhaços, com pessoas que parecem palhaços, eu sei lá o que mais, mas todos sem excepção com mulheres lindíssimas.

Ainda sobre o post anterior

É que se por um lado, eu compreendo que se fechem escolas que tenham menos de 10 alunos, não compreendo como é que fechando escolas e outros serviços se conseguirá combater a desertificação e conseguir a conservação do nosso belo interior. Penso que o governo também não explica efectivamente qual o plano que tem para tratar este assunto. Que crie 5 zonas nacionais estratégicas, está bem, desde que haja, efectivamente, estratégia e é precisamente aqui que reside a minha dúvida. Ou será que as 5 zonas contemplam apenas o litoral? Para além disto, estas zonas já existem e com a divisão que o governo apresenta, o que surge de novo é a palavra "plano". Mais uma vez, qual é o plano? Alguém percebeu?

Regiões plano?

Sim, são os pombos...

uma praga bem alimentada!

(TR)
Praça de São Marcos, Veneza

33 anos depois

O facto da Nossa Senhora ser geralmente representada tão jovem quando dá a luz o menino, como 33 anos depois quando Jesus morre, sempre me intrigou. De alguma forma compreendo que não envelheça ou compreendo que não seja representada mais velha por diversos motivos que dariam certamente vários posts; mas por outro lado, dada a sua condição humana sempre aclamada intriga-me que seja retratada como jovem incondicionalmente. Encontrei uma excepção neste belo quadro de entre os muitos que me impressionaram (aliás, venho absolutamente impressionada com o património artístico de Veneza) A partir de agora creio que desconheço qualquer outra virgem envelhecida para além desta:

Friday, March 17, 2006

Antes que se afunde

Vou ali e já volto na esperança de, entre outras coisas,:

- não encontrar muitos japoneses;

- encontrar um barulho diferente ou mesmo pouco barulho ou ainda a sensação de não ouvir o barulho dos carros, das buzinas, dos condutores dos carros;
- encontrar mais pombos que em Lisboa;
- contar pelo menos 50 pontes;
- não me fartar de ver Santas e Virgens mas por exemplo, ver S. Jorge a matar o Dragão;
- perceber como é que o mito sustenta uma cidade que não produz rigorosamente nada;
- me perder por má sinalização;
- não ver nenhum rato e ver muitos gatos. Ou, basta-me ver um gato preto e branco em cima de um muro qualquer, ou um gato preto em cima de um muro branco, ou... numa noite limpa em que se veja a lua...

França

Jogo

(TR)

Uma flor para Eva...

(TR)

Thursday, March 16, 2006

Vaga reflexão: o pior ataque é o que estamos a fazer a nós própios

Hoje, a propósito do ataque dos EUA no Iraque, apetece-me deixar aqui esta vaga reflexão genérica, ainda que não perceba muito ou perceba quase nada do assunto. Julgo que o básico do problema que os EUA e nós europeus despoletámos no Iraque é fácil de compreender para quem fizer um pequeno esforço para acompanhar o que se diz.

A mentalidade básica e bélica de George W. Bush é assustadora. É um homem frio e medíocre. Infelizmente, é o homem que comanda os destinos de boa parte do mundo, o que equivale a dizer que representa uma séria ameaça para o mundo. Hoje, perante problemas sérios, o mundo suspende a respiração e aguarda pelas decisões americanas, o que equivale a dizer que se não tem, G.W. Bush parece ter o mundo nas mãos. Invadiu o Iraque porque sim, e a Europa ajudou porque achou que se ele dizia que sim, era sim, o que equivale a dizer que infelizmente a Europa da História, dos princípios, da paz, do diálogo, quando não sabe tomar decisões, quando não consegue dialogar decide também pela guerra. Foi basicamente o que fizemos recentemente com o Iraque. É basicamente o que continuamos a fazer agora. Os comportamentos descabidos e irracionais não são apenas de G. W. Bush, são de ambas as partes, com a diferença de que todos sabemos quem manda. O senhor Bush quer, pode e manda, ainda que nem sempre tudo corra tão bem como desejava. Se a História dos Homens fizer no tempo alguma justiça, entre outras coisas, George W. Bush será lembrado como o homem que fez o mundo regredir.

Momento do dia: o insólito solidário

Hoje, de manhã, entrei num desses recintos fechados super aquecidos que medeiam a rua e a entrada de um Millenium BCP para levantar dinheiro numa caixa multibanco. De repente, olho para trás porque oiço alguém falar alto. Do lado de fora, na rua, colado à porta de vidro que o separava de mim, estava um homem com ar normalíssimo, mas absolutamente irado. Olhava para dentro do banco e gritava: - Às dez, abrem às dez?... - e recitava uma série de palavrões entre vulgares e originais. Colava o nariz à porta de vidro, rodopiava lentamente sobre si próprio, dava uns passos para trás e voltava à frente, sempre a praguejar e voltando a colar o nariz no vidro de quando em quando. Eu, lá dentro, estava atónita, mas confesso que lhe achei imensa graça e não resistia a sorrir interiormente pelo insólito da situação. Entretanto, ele felizmente desapareceu da frente do vidro e deixei de ouvir qualquer barulho. Quando saio, encontro-o encostado à parede ao lado da porta do banco, com ar de quem não sabe se há-de chorar ou desatar a partir tudo à sua frente. Voltou-se para mim, e quase sem respirar, de um só impulso, pediu-me desculpa e explicou-me que nunca vai ao banco, que não queria vir ao banco, que odeia bancos, que são ladrões, que o andam a roubar porque lhe cobram não sei o quê que não deviam , não atendem o telefone, etc, etc, etc - e abrem apenas às dez? rematava ele. E eu ainda que solidária com a causa que defendia, só fui capaz de lhe dizer: - Tem de se acalmar, ainda tem um ataque cardíaco...!- Caminhei e fui ao café ao lado tomar um café. Passado uns segundos ele entra, fica ao balcão ao meu lado e pede um café curto. O café chega e ele devolve-o porque não está curto. Toma-o sem açúcar e diz-me: - Delta Diamante, é o melhor café do mundo! - ...

PARABÉNS !!!!

...onde repousa a ternura...
1975
A minha mãe faz anos hoje!

Wednesday, March 15, 2006

A arte de se deixar seduzir

Gostar de arte, de pintura, por exemplo, é um processo de aprendizagem. Aprender a ver, aprender a gostar, aprender a compreender, aprender a deixar-se seduzir, etc. Penso mesmo que este processo é bem complexo e podemos levar muito tempo até aprender a gostar de determinado artista ou determinada obra. Sempre me preocupei em não cair no erro de reduzir a função da arte a uma mera função estética. Se o fizesse, a Monalisa seria para mim, uma das obras mais sem graça que conheço. E estou segura que, se não se tivesse convertido no enigma que é, seria para a generalidade das pessoas uma pintura "feia". No entanto, é uma das obras mais valiosas do mundo. Incontestavelmente, por causa do mito ou do Leonardo da Vinci ou da dúvida sobre quem é a mulher, ou do que quer que seja, hoje o mundo inteiro corre para a ver e deixar-se seduzir pelo seu enigmático sorriso. Eu, reconheço a incontestável força do mito à volta da Monalisa, mas temo nunca me deixar seduzir por ela. Há em mim resistências incontroláveis no domínio da arte. Numa altura em que tanto se fala do sucesso da exposição da Frida Kahlo em Lisboa, apercebi-me de que pela segunda vez tive oportunidade de ver as suas obras "in loco", e penso que estas alturas são de aproveitar como o fez tanta gente, mas não me consegui deixar seduzir pelo seu trabalho. Ainda que reconheça o mérito desta surreal artista mexicana, não senti o menor impulso para visitar a exposição... em contrapartida tenho imensa curiosidade na obra de Diego Rivera.



Girassóis -1943
Diego Rivera
México

Ainda a propósito de imagens enigmáticas fica aqui esta fotografia de uma fotógrafa fabulosa que podia bem ser uma obsessão

The Road West, New Mexico, 1938
Dorothea Lange

Tuesday, March 14, 2006

um enigma



O sorriso da Monalisa do Leonardo da Vinci nunca me intrigou, nem nunca constituiu um enigma para mim; inversamente O Grito do Munch sim, intriga-me imenso. Pergunto-me vezes sem conta, o que gritará aquela pessoa, ou porque gritará aquela pessoa? Não sei a resposta, nem sei se ela existe, nem fiz nunca essa pesquisa, mas já agora, fica aqui um dos enigmas que gostaria de desvendar!

Reflexão do dia

Questões de Poder... Há quem se sirva do material e do imaterial... E o que traçam não é um rumo, apontam apenas o destino, um fim, interessa-lhes a colheita, ignorando o processo. Julgam que isto é Poder...

Monday, March 13, 2006

A frase do dia

Atrás de mim sem querer oiço duas mulheres na casa dos trinta anos a conversar fluida e descontraidamente. Uma delas a dada altura diz:

- ...é sinal qu'a gente já 'stá a ficar velhas!

Nunca o faria, mas apeteceu-me imenso ripostar: - Ó meninas não exagerem...!

Friday, March 10, 2006

Momentos de Glória

(TR)

Práticas correntes?

Sabiam que a TAP, e talvez as outras companhias aéreas, cobram 20€ (vinte EUROS!!!) para além do custo da viagem, para emitir cada bilhete? Sabiam disto? É o custo da emissão do bilhete..... pasmemos!!!!

os melhores argumentos ao minuto

Thursday, March 09, 2006

Tiques inexplicáveis à hora dos clássicos

Nos intervalos das músicas ou mesmo durante o concerto:
- Tossem muito por contágio e em coro;
- Folheiam o programa como quem folheia um jornal, ou mesmo lêem-no durante todo o espectáculo;
- Comentam com o acompanhante que está sentado ao lado e aproveitam para olhar para trás;
- Consultam o telemóvel, iluminado a sala de espectáculo e aproveitam para enviar uma mensagem;
- Nos cinco segundos de intervalo entre as músicas mudam de lugar ou saem da sala uns em passo silencioso outros em corrida apressada;
- Abrem o saco e mexem em qualquer coisa de plástico que está lá dentro;
- Mandam calar com um "chiiiiiiiiiiiiiu" que rapidamente se contagia por mais duas ou três pessoas sem se perceber quem manda calar quem;
- E finalmente, finalmente o toque que faltava soou: o telemóvel. Aconteceu triste e inacreditavelmente durante a absolutamente magnífica sonata para piano nº 31 em lá bemol, op. 11 de Beethoven, soberbamente interpretada pelo norte-americano Richard Goode no grande auditório da Gulbenkian.
Esta pessoa que levou mais de dois minutos a desligar o som do telemóvel devia no mínimo ser obrigada a pedir desculpa ao senhor Richard Goode, o pianista; devia ser obrigada ao pagamento de uma multa, equivalente ao custo do espectáculo por desrespeito ao público em geral e ao pianista em particular, e devia finalmente, ser proibida de frequentar aquela sala de espectáculo para sempre. E ainda assim, nada disto atenuaria a minha vergonha e tristeza....

Tuesday, March 07, 2006

sobre a convenção vs inspiração

Jakson Pollock - Easter-tote


Será hoje o processo de criação não mais do que um processo de desconstrução das normas convencionais?

Elogio do mar

(TR)

do quotidiano

...e esta, não é bonita também? De quem vos parece que possa ser?

Monday, March 06, 2006

sobre a convenção vs inspiração


Será que a aprendizagem e interiorização de normas convencionais limita a nossa capacidade criativa?

Sunday, March 05, 2006

Grandes contrastes


convenção vs inspiração


ou serão interdependentes?

agora do urbano, hoje a acabar o dia de sol

(TR)

agora do urbano, hoje, dia de sol

(TR)

nova paisagem portuguesa

Por sinal, muito bonita, quanto a mim!

paisagem portuguesa em dia de chuva

(TR)

Nós, os frangos e os italianos

Pensei que situações como esta, de terem despejado não sei quantos frangos mortos dentro de sacos de ração para frangos, algures numa íngreme encosta a dar para o rio Vouga, não fosse mais possível... Somos incrivelmente toscos. Toscos porque me custa usar outra expressão mais apropriada.

Ainda assim, penso e continuo a achar que piores do que nós, só mesmo os italianos. Eles são desorganizados, mais do que nós; eles são incumpridores, mais do que nós; eles falam mal; pior do que nós; o interior do país é desgraçadamente pobre, pior do que nós; são mafiosos, bem pior do que nós; são uma desgraça a conduzir, piores do que nós; têm os políticos que têm, tal como nós; têm uma fé infeliz, tal como nós, gostam de bom vinho e têm-no, tal como nós, etc, etc. Na verdade só conheço Roma e Florença e adorava conhecer o resto do país. Será por isso mesmo? Será por achar que eles, de uma forma geral, são ainda piores do que nós? Vou fazer uma análise introspectiva.

Saturday, March 04, 2006

A promessa

Hoje de manhã, excepcionalmente e já perceberão porquê, vesti as minhas filhas, tomámos pequeno almoço e fui com elas fazer algumas compras aqui à volta de casa. Por norma vicio-me nos sítios ou nas pessoas e se conseguir harmonia nos dois, então sou efectivamente fiel. Assim acontece com uma mercearia aqui do bairro onde vivo, e que frequento com regularidade. Talvez seja uma das mais antigas de Lisboa ainda vivas e com produtos de excelente qualidade (e caros, regra geral). Evito levar as minhas filhas, porque elas inexplicavelmente desenvolveram à volta desta mercearia mística e apenas desta, uma série de maus comportamentos invariáveis e que me deixam absolutamente irritada e envergonhada. Hoje, teriam de ir comigo inevitavelmente e enquanto tomava café, expliquei-lhes pela milésima vez, o que não podiam fazer, atirando-lhes com uma série de penalizações que julgava eficazes.

Entrei na mercearia e o ritual repetiu-se. Como se eu não existisse e nunca tivéssemos abordado o assunto, a minha filha mais velha, a Sofia, de três anos dirige-se ao canto direito da loja onde estão três tinas com três qualidades de azeitonas, sempre muito boas e sem olhar para as tinas, mete a mão numa delas e tira duas azeitonas. Uma vai de imediato para boca e a outra fica na mão num invariavel acto solidário à espera que a minha filha mais nova, de costas para mim abra a boca e possa silenciosamente babar-se à vontade com a deliciosa azeitona. Assim que me apercebo, começo a ficar rubra, enquanto o dono da loja, o Sr. Henrique que já conhece a cena, sempre simpático sorri e vai invariavel e fatalmente oferecer-lhes mais uma azeitona a cada uma, com um benevolente fatal - não faz mal -. O meu olhar começa a cilindrar a minha filha mais velha, que invariavelmente diz - mamã, não volto a fazer - .


Passeiam-se mais uma vez pela mercearia. A Sofia à frente e a sua sombra chamada Leonor atrás, sempre sobre a minha possível vigilância. Aproximam-se de um saco cheio de nozes inteiras que eu já conheço e mais uma vez metem lá as mãos e mexem e mexem e mexem nas nozes. Ficam deliciadas com a sensação e com o barulho das nozes a bater umas nas outras e a cair no chão. Desatei a repreendê-las. O dono da mercearia apressa-se a dizer que não faz mal, para as deixar e mais não sei o quê. Enquanto me pedia para as deixar, rolavam nozes pelo chão e todas as pessoas que se encontravam na mercearia, empregados, clientes da mercearia e ele inclusivamente se debruçavam no chão para apanhar a meia dúzia de nozes que rebolam entre os seus pés, numa cena digna de ser fotografada, não fosse apetecer-me desaparecer dali o mais rapidamente possível. Desapontada repreendia as minhas filhas zangadíssima e proibia-as de mexer nas nozes. Elas obedeceram.

Continuaram a passear na mercearia enquanto eu pedia já a conta. Olho-as e vejo-as parar em frente a um armário cheio de chocolates, devorando-os com os olhos mas sem lhes tocar. Falam uma com a outra baixinho apontando os chocolates. O dono da loja que as observa, num acesso de excessiva simpatia pede à Sofia para escolher um chocolate. Sinto um impulso enorme para o impedir, mas não sou capaz. A Sofia avaliou a montra durante uns minutos com deleite ponderando não a qualidade do produto, mas o tamanho e a embalagem de cada chocolate e escolhe apontando com natural firmeza na decisão o maior que encontrou no espaço que cabia no seu horizonte visual. Olhando-me de soslaio alertou o Sr. Henrique - eu não tenho dinheiro e a minha mãe não me deixa comer chocolate - ao que ele ri e responde naturalmente - não faz mal, é só hoje e vens cá pagar o chocolate quando receberes o teu primeiro salário, sim? - Ela acena de imediato com um "siiiiim" de quem apenas percebe que aquela oferta lhe exige algo em troca que naquele momento não intressa rigorosamente nada. Estende a mão naquele gesto de quem, custe o que custar, não deixa escapar a oportunidade. Eu finalmente recebo a conta e abro o porta-moedas para pagar rapidamente, antes que se desencadeasse mais alguma situação embaraçosa, quando oiço a voz absolutamente infantil da minha filha numa afirmação que mais não era do que um pedido - tenho de repartir com a Leonor, pois é? - ao que O Sr. Henrique solta uma gargalhada e oferece outro chocolate igual à Leonor. Eu muda e envergonhadíssima olhava-as talvez com ar de lamento, sei lá. Os olhos da Sofia brilharam então. Veio ter comigo com uma felicidade absolutamente pura, radiante e inocente, pega-me na mão e diz-me - mamã, é só hoje, sim? não te vais zangar comigo, pois não? - Ao que eu respondi - não - e sorri. Fica a promessa por cumprir...

Friday, March 03, 2006

Nem tudo são más notícias...

Uma música para o Bartleby

porque sei que ele vai gostar...

do quotidiano...

Henry de Toulouse Lautrec
Toilette

Muito bonita, não?

A esperteza mora ao lado!

Hoje tive a infeliz ideia de pegar no carro para ir à Gulbenkian comprar uns bilhetes para um espectáculo da semana que vem. Quando cheguei da Gulbenkian não conseguia estacionar o meu carro na rua; contudo havia um sem número de lugares de estacionamento desocupados, mas inacessíveis por causa de uma enorme fila de carros estacionados em segunda fila. O filme é invariável e inacreditável. E resulta do seguinte: se param num lugar de estacionamento têm de ir buscar um título de estacionamento o que equivale a pagar para estacionar. Se estacionarem em segunda fila, não precisam de título, nem podem ser multados pelos verdes da EMEL, pela falta de título, dado que nem estão a ocupar um lugar de estacionamento efectivamente, nem os verdes da EMEL os podem multar por estacionamento indevido. Um dos empregados de um dos cafés aqui da rua, deixa o carro em segunda fila o dia todo, todos os dias e os comerciantes da rua têm o desplante de o ir avisar para tirar o carro quando alguém apita desesperadamente porque quer sair do lugar de estacionamento que ele tapa com o seu SEAT. Desnecessário será explicar esta cumplicidade, a atitude é recorrente. Em casos como o de hoje, o meu máximo foi parar o trânsito e ficar ali a apitar até que apareça um dos donos de um dos carros que com muito má vontade o desloca ligeiramente da sua inviolável segunda fila para me deixar estacionar o meu convenientemente no lugar de estacionamento. Fiz isto e obtive como resultado os olhares e apitadelas de todos os da fila de espera, que me deram a mim como culpada... Da próxima chamo a polícia, não?

Thursday, March 02, 2006

lamento

A Maria João Pires teve hoje um enfarte do miocárdio, mas ao que sei está já a recuperar. Ainda bem. Gosto dela!

O meu marido diz-me para não me preocupar porque os enfartes são para os homens e não para as mulheres... - "aquilo foi apenas um soluço". Espero bem que sim!!

outra questão

Será que o ainda Presidente da República poderá continuar a dizer que não ultrapassou os seus antecessores no que diz respeito a condecorações?

Eu confesso a minha curiosidade relativamente ao critério que usa para as escolhas que faz.

questão

O que é que será que irá acontecer aos miúdos do Porto que mataram o sem abrigo?
Eu penso que lhes devia acontecer alguma coisa...

Nota solta

Espero bem que a questão das comissões nos levantamentos nas Caixas Multibanco não passe de uma questão. Parece-me um abuso e um insulto!

do quotidiano...

Toilette (pastel)
Edgar Degas

...não é bonito?

Wednesday, March 01, 2006

O céu impossível de Luanda no dia de Carnaval

Amavelmente enviada pelo execelente fotógrafo:

"Luanda 3ª Feira de Carnaval, o céu estava assim"
Tonspi (José Silva Pinto)

Há momentos...

Ligo para o SERVIÇO DE ATENDIMENTO PERMANENTE de uma empresa. Resposta:
- De momento não é possível atender a sua chamada, por favor ligue mais tarde!